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Alta da gasolina no exterior limita espaço para cortes na Petrobras

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Preço no Brasil está mais caro, mas mercado começa a precificar fim do inverno no hemisfério norte.

Embora o preço da gasolina nas refinarias brasileiras esteja hoje mais caro do que as cotações internacionais, a perspectiva de alta no exterior pode limitar a atuação da Petrobras para compensar o retorno dos impostos federais sobre o combustível.

Na abertura do mercado desta segunda-feira (27), a gasolina vendida pelas refinarias brasileiras estava, em média, 7% acima da paridade de importação, conceito que simula quanto custaria para importar o produto, calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

Isso representa uma margem de R$ 0,21 por litro, que poderia ser usada pela estatal para minimizar ao menos parcialmente a retomada da cobrança de Cide e PIS/Cofins no início de março —as alíquotas antigas somavam R$ 0,69 por litro, mas o governo Lula ainda não anunciou quanto cobrará com a reoneração.

Desde o início de fevereiro, a Petrobras passou mais tempo vendendo o combustível acima da paridade do que abaixo, o que poderia justificar um corte neste momento. A última vez em que a Petrobras mexeu no preço da gasolina foi no fim de janeiro, com alta de 7,4%.

Mas sazonalmente o preço internacional da gasolina tende a subir no segundo trimestre, com a busca por estoques para suprir a demanda gerada pelo verão nos Estados Unidos, quando as viagens de carro pelo país se intensificam.

Em sua última projeção, do início de fevereiro, a EIA (Agência de Informações em Energia do governo dos Estados Unidos) projetava alta de 2,5% no preço médio da gasolina nos postos americanos no segundo trimestre.

Nesta segunda, os contatos para abril eram negociados com alta de cerca de 10% em relação ao valor para março. A avaliação tanto de importadores quanto de distribuidoras que atuam no país, é que não há mais espaço para cortes.

Na semana anterior ao Carnaval, a gasolina era vendida no país ao preço médio de R$ 5,07 por litro —a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) ainda não divulgou os dados referentes à semana passada.

Caso o repasse dos impostos federais seja integral, o preço do litro médio passaria a R$ 5,75, patamar observado pela última vez em julho de 2021. O etanol subiria de R$ 3,80 para R$ 4,04. O governo ainda não anunciou as novas alíquotas, mas a tendência é que a alta seja gradual, iniciando com valores menores.

O indicado de Lula para a presidência da Petrobras, Jean Paul Prates, assumiu o cargo no fim de janeiro, mas ainda não conseguiu nomear sua equipe, já que os indicados estão sendo avaliados pelos comitês internos responsáveis pela análise dos currículos.

Ele defende a mudança na política de preços da estatal, o que demandaria também alteração do conselho de administração para um grupo mais alinhado com o governo, o que só ocorrerá em assembleia geral de acionistas prevista para abril.

“É crucial a necessidade de reformulação do PPI [preço de paridade de importação], conforme promessa de campanha do presidente Lula”, cobrou nesta segunda o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, que compôs o grupo de transição do governo para a área energética.

Bacelar lembrou que uma das recomendações do grupo de trabalho foi manter a desoneração até a mudança na política de preços, como defendeu na semana passada a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

“Não faz sentido algum que o Brasil, autossuficiente na produção de petróleo, com dois terços dos custos de extração em reais, e 85% dos combustíveis produzidos no país, adote o PPI, que usa vetores para formação de preços que não condizem com a realidade brasileira”, alega o sindicalista (Folha de S.Paulo, 28/2/23)

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