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Suspensão de crédito rural pelo BNDES reflete situação crítica

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A safra de verão ainda está em andamento e a demanda por crédito segue elevada; produtores de milho e soja no Sul do país foram duramente afetados pela seca e precisam de socorro.

O começo dessa semana foi bastante preocupante, com a notícia da suspensão, pelo BNDES, dos financiamentos relativos ao crédito rural. O argumento é sério: as taxas de juros estabelecidas no Plano de Safra em junho do ano passado foram ficando abaixo da inflação crescente ao longo dos meses seguintes, o que exigiria volumes muito grandes de recursos do tesouro para equalização entre o valor cobrado e o custo dos recursos emprestados.

Situação crítica, por vários motivos: a safra de verão ainda está em andamento, e a demanda por crédito segue elevada; produtores de milho e soja no Sul do país foram duramente afetados pela seca e precisam de socorro para recompor a condição de trabalho; plantadores de cana, café, laranja e frutas que fazem suas compras nos primeiros meses do ano ficaram sem financiamento de custeio e de investimentos com as taxas pactuadas no Plano. Com isso, o custo financeiro vai explodir, somando-se ao aumento dos preços dos insumos e criando um cenário de grande apreensão no campo. Notícias de anteontem dão conta de que a área econômica do governo está buscando solução para essa intranquilidade extemporânea.

Outra notícia chata: a seca realmente derrubou a produtividade de soja e milho. Segundo a Conab, em levantamento anunciado na última quinta-feira, a safra de verão, que poderia chegar a 300 milhões de toneladas, deve ficar em torno de 268 milhões, e ainda dependendo da segunda safra de milho. Pena: uma safra recorde reduziria a inflação pesada para os consumidores afetados pelo desemprego.

Plantação de milho em Mato Grosso do Sul; Safra 2022 será de 271,9 milhões de toneladas, segundo o IBGE Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Por último, uma notícia auspiciosa: foi aprovado na Câmara dos Deputados, por 301 votos contra 150, o Projeto de Lei 6299/2002 que moderniza o sistema de registro de moléculas de defensivos agrícolas, que estava em discussão desde 1999! Tempo mais do que suficiente para esclarecer todas as dúvidas, e a diferença de votos mostra a ampla maioria favorável a essa modernização.

Até agora, o registro de uma nova molécula chegava a demorar 10 anos, dada a burocracia dos procedimentos. Nos países desenvolvidos, no máximo 3 anos.

Com isso, quando aprovada no Brasil, uma molécula já era velha para nossos concorrentes. E estávamos sempre atrasados. Isso acabou, sem que haja a mínima perda de rigor nos critérios de aprovação. Até ao contrário: haverá maior transparência nas análises, e qualquer pessoa pode acompanhar o processo todo, que contará com a coordenação do Mapa quanto à tecnologia, com a atenção da Anvisa quanto à saúde pública e a do Ibama quanto ao meio ambiente. Um avanço importante (Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura é coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas; O Estado de S.Paulo, 13/2/22)

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