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Em poucos dias, COP28 tem promessa de bilhões em financiamento climático

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Porém valores prometidos estão longe das necessidades; além de decisão sobre fundo de perdas e danos, anfitriões anunciaram o Altérra, iniciativa para mobilizar recursos para o clima.

Governos, bancos de desenvolvimento e empresas anunciaram, nesta sexta-feira (1º), iniciativas para mobilizar bilhões em recursos climáticos na COP28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em Dubai. Os Emirados Árabes Unidos têm tornado o financiamento como ponto central em sua liderança nas negociações da ONU.

Até agora, os países mal começaram a fornecer as grandes quantias de dinheiro necessárias para ajudar a pagar pela transição energética para nos distanciar dos combustíveis fósseis e lidar com o impacto das mudanças climáticas.

Uma estimativa da organização Climate Policy Initiative aponta que países em desenvolvimento precisarão de cerca de US$ 2,4 trilhões em financiamento climático por ano até 2030.

Para tentar acabar com anos de impasse na questão do financiamento, os Emirados Árabes Unidos, anfitriões da COP28, disseram que colocariam US$ 30 bilhões em uma nova iniciativa de investimento climático.

Trata-se do Altérra, que terá como objetivo mobilizar US$ 250 bilhões em investimentos até o final da década, no que o presidente da COP28, Sultan Ahmed Al-Jaber, descreveu como um “momento decisivo” para o financiamento climático.

Chamando-o de “o maior veículo de investimento privado do mundo para ação climática”, Jaber disse que o mecanismo incluiria US$ 5 bilhões a serem destinados para países mais pobres.

Apesar disso, vale sempre destacar a ligação direta de Al-Jaber com a indústria dos combustíveis fósseis. Além de presidente da COP28, Al-Jaber é presidente da Adnoc, gigante petrolífera estatal do dos Emirados Árabes Unidos, e da Masdar, empresa estatal de energias renováveis.

Além disso, reportagem da BBC mostrou que o país anfitrião queria usar a COP28 para fazer acordos relacionados a combustíveis fósseis com 15 nações, inclusive o Brasil.

O Banco Mundial se comprometeu a aumentar a quantidade que gasta anualmente em projetos relacionados ao clima para 45% de seu financiamento de 2024 a 2025, em comparação com os atuais 35%, como parte de uma reforma de política para responder melhor às mudanças climáticas.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, também apoiou o esforço mais amplo de reformar o sistema de bancos multilaterais de desenvolvimento do mundo para “alavancar muito mais financiamento privado a custos razoáveis”.

O financiamento climático anual médio atingiu quase US$ 1,3 trilhão em 2021-22, mas apenas cerca de US$ 30 bilhões —somente 2%— foram para países em desenvolvimento, apontou um relatório de novembro do Climate Policy Initiative.

Outro relatório divulgado na sexta-feira pelo Grupo Indendenpente de Especialistas de Alto Nível sobre Financiamento Climático também afirmou que o investimento era insuficiente e que grande parte disso “ainda está sendo mal direcionado”.

Os países em desenvolvimento e os mercados emergentes estavam sendo “deixados para trás na energia limpa”, disse o relatório.

Para ajudar a canalizar o apoio às instituições financeiras de mercados emergentes, o Banco Mundial e outros credores multilaterais, incluindo o Fundo Monetário Internacional, lançaram a Coalizão Global de Desenvolvimento de Capacidades nesta sexta-feira.

Também para tentar garantir que o financiamento climático não seja desperdiçado em projetos falsos, o Banco Mundial anunciou nesta sexta-feira um plano para expandir o crescimento de “mercados globais de carbono de alta integridade”, ajudando cinco países em 2024 a desenvolver créditos de compensação robustos que podem ser vendidos no mercado.

PROMESSAS DOS MAIS RICOS DO MUNDO

Para ajudar a apoiar pequenos agricultores na África e na África do Sul que enfrentam graves consequências do aquecimento global, a Fundação Gates, fundação beneficente do fundador da Microsoft, Bill Gates, e os Emirados Árabes Unidos se comprometeram juntos com US$ 200 milhões.

Em uma primeira experiência de financiamento misto, reunindo credores públicos e privados, doadores líderes focados no clima, incluindo o Bezos Earth Fund, uniram forças para lançar a plataforma de investimento Allied Climate Partners. O objetivo é gerar US$ 11 bilhões em investimentos em países em desenvolvimento.

FUNDO DE PERDAS E DANOS PODERIA COMEÇAR LOGO

Segundo declarou um diretor executivo do Banco Mundial à Bloomberg, a entidade poderia ter um fundo para compensar países vulneráveis atingidos por eventos climáticos extremos em funcionamento em apenas três meses.

A instituição poderia estar pronta para distribuir dinheiro no início do próximo ano, disse Axel van Trotsenburg, diretor executivo sênior do Banco Mundial. Ele observou que é o mesmo período de tempo que levou para criar o Fundo da Pandemia, que tem uma estrutura semelhante à que será usada para o fundo de perdas e danos climáticos.

“Não vejo motivo para não prosseguirmos com o mesmo tipo de determinação”, disse van Trotsenburg no podcast Zero da Bloomberg Green, durante a COP28.

Na quinta-feira (30), quase 200 países concordaram com regras básicas sobre como o fundo de perdas e danos deve ser administrado, um passo crucial após terem decidido criá-lo na COP27, no Egito, em 2022. Ao longo do último ano, diplomatas climáticos discutiram questões como quem contribuiria para o fundo, quem poderia retirar dele e em quais seriam as condições. Eles também aprovaram o Banco Mundial como gestor interino.

Os detalhes finais de como exatamente o fundo irá operar serão definidos pelo Banco Mundial e pela UNFCCC, o órgão climático das Nações Unidas.

O fundo da pandemia citado pelo executivo recebeu quase US$ 2 bilhões de países ricos até agora. Segundo van Trotsenburg, ele distribuiu US$ 600 milhões desde o seu lançamento em novembro de 2022.

Grupos ambientalistas e alguns países em desenvolvimento resistiram em entregar o fundo de perdas e danos ao Banco Mundial, cuja participação majoritária é de países ricos. Eles também se preocuparam que o Banco Mundial, que normalmente empresta dinheiro a países em desenvolvimento, não seria capaz de mover verbas rapidamente como doações necessárias para lidar com a reconstrução imediata após danos climáticos.

“O Banco Mundial não será o problema”, disse van Trotsenburg. “Trabalharemos com [a UNFCCC] dia e noite para fazer acontecer.” (Bloomberg, 2/12/23)

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