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População ocupada, renda e escolaridade no agro aumentam

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Mão de obra é de 28,1 milhões de trabalhadores, mas cai no setor de cereais.

No primeiro trimestre de 2023, pelo menos 28,1 milhões de pessoas trabalhavam no agronegócio. É um recorde para esse período do ano desde 2012, quando o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) iniciou esse acompanhamento.

O contingente da população ocupada no setor cresce, mas a participação no total do país diminui. Em 2012, o agronegócio representava 29,2% da força de trabalho do Brasil. Recuou para 28,6% em 2017 e está em 27% neste ano.

A pesquisa de ocupação do Cepea passou a ter a parceria da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) neste ano e incorporou uma nova avaliação, a dos trabalhadores cuja produção é destinada exclusivamente para o consumo próprio e dos moradores de seu domicílio.

São trabalhadores voltados para o autoconsumo, assim denominados pela pesquisa. Eles estão, em sua maioria, dentro da porteira e somam 5,3 milhões no país. A pesquisa inclui nesse número tarefas de cultivo, pesca, caça, criação de animais e produção florestal.

Estão incluídos, ainda, trabalhos de artesanato e algumas atividades dentro de outros segmentos, como o do agrosserviço.

Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA, afirma que o acompanhamento desse segmento de trabalhadores do autoconsumo era necessário. “É um público que necessita de uma política social. Apenas políticas trabalhistas e agrícolas não resolvem. Ele não é visto pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e pela Rais (Relação Anual de Informações Sociais), mas não pode ser ignorado.”

Para o coordenador, é um público que não vem sendo assistido e ele precisa ser mostrado. A grande maioria não tem acesso a políticas agrícolas, planta apenas para comer e complementa a alimentação com o programa Bolsa Família e bicos esporádicos.

Esse ajuste metodológico era importante na pesquisa, afirma o coordenador.

Os dados da população ocupada no agro no primeiro trimestre deste ano registram aumento de 1,2% no número de trabalhadores na agroindústria, mas queda de 5,2% no campo. Dos 28,1 milhões de pessoas ocupadas, 8,3 milhões estavam na agricultura e na pecuária, 456 mil a menos do que no ano passado.

Um dos destaques da pesquisa é a queda de trabalhadores ocupados na produção de grãos. No primeiro trimestre deste ano, eram 70 mil a menos. Para o Cepea, uma das causas é a redução de área na produção de arroz.

Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam uma retração na área nacional de arroz para 1,48 milhão de hectares na safra 2022/23, 8,5% a menos do que na anterior. Essa é a menor área de plantio destinada ao cereal nos dados da Conab.

Conchon atribui, entre os motivos dessa redução no setor de cereais, uma evolução da tecnologia no campo e uma possível forma de registro dos trabalhadores pelos produtores. Os registros estariam concentrados mais na soja, embora os trabalhadores também exerçam funções na produção de outras culturas como arroz, trigo e milho.

O número de trabalhadores na soja teve aumento 6.439 neste ano, para um total de 549 mil na atividade, 1,2% a mais do que no primeiro trimestre de 2022. A produção nacional de soja saltou para um recorde de 156 milhões de toneladas na safra 2022/23.

O maior ganho de trabalhadores nas lavouras ocorreu no setor de cana-de-açúcar, que teve elevação de 48 mil pessoas ocupadas. Na pecuária, todos os setores perderam trabalhadores, sendo que a pecuária bovina foi a mais representativa, com redução de 34 mil.

Na agroindústria agrícola, os processamentos de suco e de massas lideraram as contratações, enquanto os de etanol e de móveis de madeira foram os que mais perderam.

Na agroindústria da pecuária, todos os segmentos elevaram as contratações, com destaque para o segmento de abates, que aumentou em 76 mil o número de trabalhadores.

O maior contingente da população ocupada, no entanto, ocorreu no setor de agrosserviços, que ampliou em 616 mil pessoas o quadro de trabalhadores. Esse quadro reflete o desempenho recorde da produção agrícola de dentro da porteira.

Os bons volumes das safras se transformam em expansão dos serviços de transporte, de armazenagem, de comércio e de outros serviços prestados ao agronegócio.

Quanto ao perfil da mão de obra, CNA e Cepea constataram um aumento da formalização da força de trabalho, com elevação no número de trabalhadores com carteira assinada. Eles somaram 9,2 milhões, 6,1% a mais.

O nível de instrução também vem aumentando. Neste ano, o total de trabalhadores com curso superior superou em 4% o do primeiro trimestre de 2022. Os que têm curso médio foram 4,4% a mais, e os sem instrução, 2% acima. Esta última categoria representa 6,6% da mão de obra do setor.

O salário médio no agronegócio subiu 5,9% no período analisado, um pouco acima dos 5,4% da média nacional. Os trabalhadores nos setores de insumo e os de dentro da porteira obtiveram os maiores reajustes, com altas de 9,4% e 8,1%, respectivamente.

A pesquisa do Cepea e da CNA utiliza como principal fonte de informações dados da Pnad-Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua), do IBGE. O Cepea aplica metodologias próprias de identificação de atividades relacionadas ao agronegócio (Folha, 1/8/23)

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