Combustível vale para a transição energética de forma ampla, não apenas no setor de transportes, segundo presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis.
É uma das fórmulas químicas mais conhecidas do mundo. E é exatamente a quebra da molécula da água, por meio da eletrólise, que está por trás daquele que deve ser o mais importante combustível do futuro. A separação do H2 do O ocorre após a reação química ser estimulada por meio de uma corrente elétrica. Se essa energia for, por exemplo, fruto de hidrelétricas, fontes solares ou eólicas, tem-se o chamado hidrogênio verde.
“O que poucas pessoas estão percebendo é que esse combustível vale para a transição energética de forma ampla, não estamos falando apenas do setor de transportes”, afirma Sergio Costa, fundador e presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis (ABHIC), que participou do Estadão Summit Indústria Automotiva 2023. Segundo o executivo, nas próximas semanas será anunciado o conselho da nova associação. “Com nomes muito representativos do setor”, diz.
No Brasil já há pelo menos uma dezena de projetos voltados para a montagem de plantas de produção do hidrogênio verde. O fato de o Brasil ter uma matriz limpa é o principal atrativo para os investidores.
Na visão de Costa, o Brasil precisa tratar o hidrogênio verde como uma grande commodity, que vai interessar vários países importantes do mundo. “A Alemanha, por exemplo, tem tudo para se tornar um grande importador de hidrogênio verde”, afirma Costa, que também é empresário da área de energias renováveis.
Por causa do risco de explosões e por ser leve e pouco denso, transportar hidrogênio em grandes quantidades, em navios, por exemplo, é perigoso e caro. Uma das alternativas tecnológicas em estudo para resolver a questão é a conversão do gás em amônia, para depois, também por meio químico, virar hidrogênio no destino novamente.
Hoje, o Brasil ainda não produz hidrogênio verde, mas já tem instaladas algumas plantas-piloto que são tocadas por meio de parcerias público-privadas. A maior parte desses projetos está concentrada no Nordeste (Estadão, 20/8/23)