O total representa um volume de quase 2 milhões de toneladas a mais de açúcar na principal região produtora do adoçante do mundo.
Produtividades agrícolas elevadas e maior teor de sacarose na cana do Centro-Sul do Brasil deverão permitir uma produção de açúcar recorde de 39,4 milhões de toneladas na temporada 2023/24, estimou a empresa de consultoria e gestão de riscos hEDGEpoint Global Markets, ao rever projeções para cima.
O total representa um volume de quase 2 milhões de toneladas a mais de açúcar na principal região produtora do adoçante do mundo, ou aumento de 4,8% em relação à projeção anterior, conforme dados encaminhados à Reuters nesta quarta-feira (9).
A estimativa, beneficiada pelo clima, um canavial mais jovem e um “mix” açucareiro na safra, deverá bater o recorde anterior do centro-sul, de 38,465 milhões de toneladas de açúcar em 2020/21, representando também um salto de cerca de 17% ante a temporada passada.
Isso viabiliza maiores exportações do Brasil, líder global da commodity, destacou a hEDGEpoint, acrescentando que o país está “quase suportando a redução de disponibilidade no Hemisfério Norte sozinho”.
A produtividade da cana que está sendo processada na safra atual atingiu patamares “altíssimos” e não vistos nas últimas temporadas, acima de 90 toneladas/hectare por algumas quinzenas, notou a analista de açúcar e etanol Lívea Coda, lembrando que há uma participação maior de canaviais mais novos na colheita.
“Além disso, as previsões de chuvas secaram para agosto, o que significa que a região pode não enfrentar tantos problemas quanto o previsto anteriormente, pelo menos na primeira quinzena”, destacou ela.
O tempo seco quando a lavoura já está formada favorece a concentração de ATR (Açúcar Total Recuperável) na cana, o que é bom para o rendimento industrial.
A hEDGEpoint elevou a projeção de ATR para a safra a 139,5 kg/tonelada de cana, deixando a previsão anterior 137,7 kg/t ultrapassada, e manteve o “mix” de destinação da matéria-prima para açúcar inalterado em 48%, um nível historicamente elevado, já que o adoçante tem proporcionado mais ganhos que o etanol.
Segundo a empresa de análises, o volume adicional de açúcar deve ser direcionado a exportações, “aumentando drasticamente a disponibilidade” no terceiro e quarto trimestres e contribuindo para aliviar a redução do Hemisfério Norte no primeiro trimestre de 2024.
“Os preços podem finalmente corrigir, já que o Brasil está, mais uma vez, quase suportando a redução de disponibilidade no Hemisfério Norte por conta própria”, disse.
As cotações do açúcar bruto na bolsa de Nova York atingiram mais cedo neste ano os maiores patamares em mais de dez anos, mas seguem em patamares historicamente elevados, a cerca de 23,50 centavos de dólar por libra-peso, apesar de terem recuado dos picos de 2023.
Segundo a hEDGEpoint, com um aumento de área plantada de 1,3% na temporada atual, seria possível o processamento de 616,4 milhões de toneladas de cana no centro-sul, nível muito perto da histórica safra de 2015/16 (616,8 milhões de toneladas, dado do governo).
“Embora o mercado esteja discutindo 620Mt+, acreditamos que para chegar a esse número tudo precisa correr de forma muito próxima à perfeição – e sempre optamos por permanecer conservadores”, afirmou.
Já a produção de etanol vem tendo crescimentos menores nesta temporada (cerca de 6% até meados de julho), sendo impulsionada pela fabricação do biocombustível a partir do milho, já que as usinas têm destinado o quanto podem de cana para açúcar.
“O etanol continua lutando uma batalha perdida… a participação do biocombustível continua reduzida em relação aos anos anteriores”, disse a analista, citando vendas de hidratado ainda abaixo da média e dos resultados do ano anterior (Reuters, 9/8/23)