Segundo a CNI, entrada de novos países no banco dos Brics elevaria estrutura de capital.
Empresários que viajaram a Joanesburgo, na África do Sul, para acompanhar os eventos da cúpula dos Brics nesta semana, pretendem levar à ex-presidente Dilma Rousseff, hoje no comando do banco dos Brics, um apelo para a expansão do financiamento de projetos de energia limpa no Brasil.
Segundo Ricardo Alban, presidente-eleito da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a entrada de novos países pode mudar o cenário.
Neste ano, o principal tema da cúpula, que acontece de terça (22) a quinta (24), é a expansão do bloco (hoje formado por Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), que estuda a candidatura de países como Argentina, Arábia Saudita, Cuba e Irã.
Conhecido como banco dos Brics, o NDB (New Development Bank) que tem hoje oito membros, (Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh, além dos cinco países originais do bloco) já avançou em negociações com a gigante do petróleo Arábia Saudita para admiti-la como novo participante da instituição nos últimos meses. A Argentina também manifestou interesse em ingressar no NDB.
“No banco dos Brics, há cotas de verbas para os cinco países. Poderemos até ter uma realidade modificada com a entrada de novos países. Assim, haveria uma estrutura de capital aumentada em função de uma nova realidade. O Brasil carece de linhas de financiamento competitivas. Temos um custo alto para adquirir estes recursos no país, o que não acontece no caso da China. O Brasil não pode perder a janela de oportunidade da economia verde”, diz Alban em nota.
A representação da indústria no evento acontece por meio do Cebrics (Conselho Empresarial dos Brics), que reúne mais de 20 empresas dos países do bloco, como Vale, Banco do Brasil e Embraer.
As reuniões dos membros do Cebrics na África do Sul começaram no sábado (19). Os representantes empresariais pretendem fechar um documento com recomendações dos setores privados dos países envolvidos para ser entregue aos chefes de Estado no fim do encontro.
Para a CNI, que ocupa a secretaria-executiva da seção brasileira do Cebrics, uma das prioridades em discussão pelo setor privado é o estabelecimento de um acordo multilateral de serviços aéreos. A entidade avalia que os acordos bilaterais, que disciplinam serviços aéreos entre os territórios, são restritivos.
A CNI também menciona, entre outras prioridades, a harmonização de padrões de regulação para produtos manufaturados de modo a facilitar a incorporação nas cadeias de valor. Também está prevista uma reunião do Cebrics com os pares russos para discutir possibilidades de cooperação no setor de fertilizantes e biofertilizantes.
Na reunião já realizada com os indianos, neste final de semana, ficou definida a formação de um fórum empresarial nos próximos seis meses para trocar experiências e aprendizado tecnológico em áreas como energias sustentáveis brasileiras e serviços digitais indianos (Folha, 21/8/23)