Por Arnaldo Luiz Corrêa
Depois de duas semanas consecutivas encerrando com quedas, o mercado futuro de açúcar finalizou o pregão da sexta-feira cotado a 24.38 centavos de dólar por libra-peso, uma valorização de 69 pontos correspondentes a pouco mais de 15 dólares por tonelada. Essa movimentação combinada com o real mais fraco em relação ao dólar (fechou a semana com desvalorização de 0.70% a 4.9000) propiciou um adicional de R$ 102 por tonelada para quem ainda tem açúcar para fixar nesta safra. Para a safra 24/25, a melhora foi de 82 reais por tonelada.
O volume pequeno em NY reflete as férias no hemisfério norte e o consequente esvaziamento dos negócios. Para colocar em números, desde o feriado da Independência americana (4 de julho) até hoje, o volume médio de açúcar negociado diariamente na Bolsa de NY foi de 87,000 contratos em 26 pregões, uma quantidade 59% menor que igual período anterior.
Claro que a apatia do mercado também tem a ver com a falta de notícias, pois em anos anteriores, apesar das férias, tivemos volumes robustos quando a oferta e demanda oscilava e bagunçava o mercado. Apesar do marasmo, na semana, os fundos liquidaram quase 22,000 contratos comprados reduzindo sua posição especulativa para 111,600 contratos.
A defasagem no preço da gasolina represada pela Petrobras é extremamente perversa para o setor. Artificialismo na formação ou composição de preços de commodities é o caminho mais curto para o desabastecimento. E aqui corremos esse risco no diesel, pelo que se ouve. Em qualquer empresa num regime capitalista o planejamento é supostamente baseado na ideia maluca de contar com preços livres e sem a insalubre ingerência do governo. Mas por que faríamos isso quando podemos ter um ambiente tão “favorável” como esse para planejar e fazer hedge? Tarefa árdua demais. As usinas estão sofrendo.
O problema não é apenas o represamento do preço; é uma celebração completa do caos! A manutenção da gasolina a preço inferior àquele praticado no mercado internacional é um verdadeiro estímulo… para não investir! E quem não adora uma logística prejudicada, com uma capacidade de armazenagem tão eficiente que torna impossível guardar mais açúcar porque não tem armazém ou encontrar tancagem para os etanóis produzidos?
A sabedoria de manter o preço do etanol abaixo do custo de produção é simplesmente inspiradora. Afinal, quem precisa de um mercado funcional quando podemos nadar na incerteza e ineficiência? E isso, Lula faz com maestria. Única nesga de luz nesse panorama sombrio que se contrapõe ao trevoso ocupante do Planalto é o Ministro Haddad, de olho em 2026.
Os números da UNICA mostram que o Centro-Sul está moendo 9.74% a mais do que o mesmo período do ano passado (até 1º de agosto). E 19% a mais de açúcar. O mix pró açúcar bate em 48,62%. Não parece haver nenhuma dúvida de que o açúcar em NY vai precisar de muito ânimo, muita notícia bombástica, muita instabilidade climática para conseguir se manter acima dos 22 centavos de dólar por libra-peso no apagar das luzes de 2023. Tarefa árdua.
Por outro lado, o volume de contratos futuros negociados na Bolsa até o final de julho somava 23.1 milhões, um pulo de 20% no volume negociado se comparado com o mesmo período do ano passado.
20% é um suspiro de alívio para um corretor amigo em Manhattan que tem a tarefa épica de casar três filhas no ano que vem. Preocupações como volatilidade e riscos perdem espaço quando há vestidos a serem escolhidos, bolos a serem provados e um volume crescente de contratos futuros que precisa ser negociado antes de os sinos do casamento tocarem. Brindemos a isso, na esperança de que o mercado continue a ser tão generoso (pelo menos no volume) quanto um pai orgulhoso no dia do casamento!
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