Por Erich Mafra
O Brasil, como um dos maiores produtores do mundo, está na vanguarda do movimento de substituição do óleo mineral, o petróleo, pelo óleo vegetal. O biodiesel produzido a partir de soja pode reduzir emissões de GEEs em até 72%.
Neste dia 10 de agosto é comemorado o Dia Internacional do Biodiesel. A data é uma homenagem a essa fonte de energia. Nesta data, no ano de 1893, em Augsburg, na Alemanha, o alemão Rudolf Diesel conseguiu deslocar por alguns metros um cilindro de ferro com uma base volante. O óleo combustível, ao contrário do extenso uso atual de combustível mineral, o óleo diesel, foi extraído do amendoim.
A frase “o uso de óleos vegetais, como combustíveis de motor, pode parecer insignificante nos dias atuais. Mas estes óleos podem vir a se tornar, ao longo do tempo, tão importantes como o petróleo e o carvão mineral”, é atribuída a Rudolf Diesel, engenheiro mecânico franco-alemão que inventou do motor a diesel.
A criação da data ocorreu como forma de “conscientizar o mundo sobre a importância dos combustíveis não fósseis”. A substituição do diesel fóssil pelo biodiesel brasileiro, produzido principalmente a partir de soja, pode reduzir as emissões de GEEs (gases do efeito estufa) em até 72%, aponta estudo da Universidade de São Paulo publicado em 2017.
Atualmente, o biodiesel originado de plantas é a quarta maior fonte de energia renovável utilizada no mundo, segundo o levantamento mais recente da EIA (Administração de Informações de Energia), órgão governamental dos Estados Unidos. Mas o mercado do biodiesel ainda possui espaço para crescer, por representar apenas 0,4% de todas as matrizes energéticas disponíveis no mundo.
Para entender mais sobre o tema nesta data, conheça abaixo como o biodiesel é produzido e saiba mais sobre sua história:
Como o biodiesel é produzido
Como outros combustíveis, o biodiesel é obtido a partir de um processo químico. No caso, é realizada a transesterificação, um processo que coloca óleos e gorduras de origem animal ou vegetal para reagir com álcoois, metanol ou etanol. A reação resulta na criação de dois produtos: o éster e a glicerina.
O éster então passa por processos de purificação e se torna o biodiesel, como conhecemos nas bombas dos postos de combustíveis. O nível de purificação varia conforme a legislação de cada país. No Brasil, o produtor de biodiesel é obrigado a adicionar aditivo antioxidante na produção de biodiesel, independentemente da matéria-prima utilizada na sua fabricação. A medida se tornou obrigatória a partir de 2019 e retarda a degradação e oxidação do biodiesel brasileiro
A glicerina obtida como coproduto na produção do biodiesel é comercializada para os setores de alimentos, farmacêutico, têxtil, cosmético e outros. Mas também pode ser transformada em um aditivo para o biodiesel ou queimada em fornos e caldeiras para os processos caloríficos realizados na purificação do éster em biodiesel, fazendo com que o aproveitamento dos coprodutos da seja próximo de 100%.
Matérias-primas do combustível
O biodiesel pode ser criado a partir de diferentes óleos e matérias de origem animal ou vegetal. No Brasil, as principais matérias-primas utilizadas na produção do biocombustível são:
Soja
Milho
Girassol
Amendoim
Algodão
Canola
Mamona
Babaçu
Palma (dendê)
Macaúba
Gorduras animais
A criação do biodiesel
No dia 10 de agosto de 1893, quando Rudolf Diesel colocou para funcionar pela primeira vez a sua criação, o motor a combustão movido a óleo de amendoim era rudimentar. Para realizar o feito, Diesel testou diferentes óleos vegetais até chegar à extração do óleo de amendoim. O inventor então realizou a transesterificação e chegou ao produto que hoje é conhecido como biodiesel.
O motor e seu combustível foram patenteados em fevereiro de 1897 e apresentados oficialmente em 1898, durante a Feira Mundial de Paris, na França. Nos anos seguintes, a tecnologia passou a ser adaptada para além dos carros, e na década de 1920 já era utilizada para movimentar navios, locomotivas e caminhões.
Principais produtores do combustível
Em 2021, o mundo produziu cerca de 151 milhões de metros cúbicos de biodiesel. O Brasil, que se destaca como um dos cinco maiores produtores de biodiesel do mundo, foi responsável por cerca de ¼ dessa produção. Está na vanguarda está na vanguarda do movimento de substituição do óleo mineral, o petróleo, pelo óleo vegetal.
Segundo a pesquisa mais recente do IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), publicada no ano passado, entre 2011 e 2020, os principais produtores mundiais do combustível foram:
Estados Unidos (41%)
Brasil (26%)
Indonésia (5%)
China (3%)
Alemanha (3%) (Forbes, 10/8/22)