Projeto visa comercializar até 2035 uma aeronave de nova geração, em parceria com diversas empresas privadas.
O Japão relançou oficialmente na quarta-feira (27) o projeto de construir um avião comercial de última geração, que potencialmente funcionará com hidrogênio, de acordo com a mídia japonesa, um ano após o abandono do programa de aeronaves comerciais SpaceJet, da Mitsubishi Heavy Industries (MHI).
O novo projeto visa comercializar até 2035 uma aeronave de nova geração, que será desenvolvida por diversas empresas privadas, incluindo a MHI, com apoio também significativo do Estado, segundo o diário econômico Nikkei e a agência de notícias Kyodo.
Serão destinados investimentos públicos e privados equivalentes a mais de € 30 bilhões (R$ 161,8 bi) para a realização do programa, segundo o Nikkei.
Anúncios sobre uma “nova estratégia para a indústria aeronáutica japonesa” eram esperados na quarta-feira pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria (Meti).
Para alcançar um “crescimento sustentável” na sua indústria aeronáutica, o Japão “não pode se acomodar” com a sua situação atual no setor, onde está confinado ao papel de fornecedor de peças, declarou Kazuchika Iwata, um vice-ministro de Meti.
“Em novas áreas de negócio de tecnologias neutras em carbono, incluindo o hidrogênio, queremos assumir uma posição de liderança”, acrescentou.
Vários projetos de aeronaves movidas a hidrogênio já estão em desenvolvimento em todo o mundo, incluindo o “ZEROe”, do fabricante europeu de aeronaves Airbus, que pretende também fazê-lo voar até 2035.
PILAR DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
O hidrogênio é um pilar da estratégia de transição energética do Japão.
Muitas empresas no país já estão fortemente envolvidas nesta área, incluindo fabricantes de automóveis como Toyota e Honda.
Com o novo programa aeronáutico que reúne todo um ecossistema de empresas, o Japão tentará aprender as lições do triste fracasso da SpaceJet, que a MHI desenvolveu sozinha, com o apoio governamental essencialmente limitado à parte de “investigação”.
Prejudicado por dificuldades técnicas e procedimentos de certificação mais complexos do que o esperado, o SpaceJet viu a fase de desenvolvimento arrastar-se, inflacionando consideravelmente os custos, antes que a pandemia de Covid-19 lhe desse o golpe final.
Depois de ter sido congelado em 2020, o projeto foi oficialmente abandonado em fevereiro de 2023 pela MHI, que investiu o equivalente a mais de € 8 milhões (R$ 43,1 milhões) nesta catástrofe.
O SpaceJet seria a primeira aeronave civil “fabricada no Japão” desde o YS-11, uma aeronave anterior de curta distância produzida nas décadas de 1960 e 1970 (Folha, 30/3/24)