Resultado é o 2º maior da história para o período, segundo levantamento.
A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 38,156 bilhões no primeiro trimestre, o que corresponde a uma queda 14,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (11).
Apesar da queda, o resultado veio bem acima da expectativa do mercado, que esperava R$ 31,96 bilhões, segundo projeções compiladas pela Refinitiv.
De acordo com dados do TradeMap, o resultado representa o segundo maior lucro da história entre empresas de capital aberto para o período, atrás apenas do lucro de R$ 44,561 bilhões no primeiro trimestre de 2022.
Na comparação com o quarto trimestre, houve uma queda de 12,2%.
Segundo a empresa, o resultado é explicado principalmente pela desvalorização do petróleo tipo Brent e menor resultado financeiro (queda de R$ 4,7 bilhões), parcialmente compensados por menores despesas operacionais (que subiram R$ 4,9 bilhões).
Além disso, houve maior despesa com Imposto de Renda (alta de R$ 2,9 bilhões) principalmente em função da ausência de créditos tributários ocorridos no quarto trimestre de 2022 pela distribuição de dividendos do exercício de 2022 na forma de juros sobre capital próprio.
“Os resultados financeiros refletem o excelente desempenho operacional da companhia. O pré-sal continua a ser o centro das nossas receitas e da geração de caixa, respondendo hoje por 77% da nossa produção total”, afirmou Jean Paul Prates, presidente da Petrobras.
A receita de vendas da Petrobras totalizou R$ 139,06 bilhões no primeiro quarto do ano, queda de 1,8% em bases anuais e de 12,3% na margem. De acordo com a empresa, o recuo na variação trimestral se deveu em grande parte à desvalorização de 8% do petróleo do tipo Brent no período.
Segundo a empresa, durante o primeiro trimestre, diesel e gasolina mantiveram-se como os principais produtos, responsáveis por 74% da receita gerada com a venda de derivados.
A receita líquida do diesel foi de R$ 43,15 bilhões, crescimento de 11% em bases anuais, mas queda de 20,3% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. No caso da gasolina, a receita foi de R$ 19,18 bilhões, queda de 1,1% ante igual período de 2022 e de 9,4% em relação ao último trimestre do ano passado.
No mercado interno, a receita alcançou R$ 102,1 bilhões, queda de 1,1% na comparação anual e de 14,9% na margem. A companha informou que o recuo na variação trimestral foi influenciado pelo menor volume de vendas, em razão da menor demanda por diesel e gasolina.
“Além disso, houve queda nas receitas de GLP [gás liquefeito de petróleo], afetadas não apenas por fatores sazonais, mas também pela maior concorrência.”
Já a geração de caixa (ebtida recorrente) alcançou R$ 74,516 bilhões, queda de 4,7% no ano contra ano e de 1,3% na variação trimestral.
PETROBRAS APROVA R$ 24,7 BILHÕES EM DIVIDENDOS AOS ACIONISTAS
Mais cedo, a petroleira informou que irá pagar R$ 1,89 por ação em dividendos aos acionistas como antecipação relativa ao exercício de 2023. O montante corresponde a um volume total de R$ 24,7 bilhões, segundo cálculos da plataforma TradeMap.
A estatal também anunciou a distribuição de R$ 24,7 bilhões em dividendos. O valor veio acima do esperado pelo mercado. Os analistas da Ativa Investimentos projetavam um dividendo de R$ 16,4 bilhões, ou R$ 1,26 por ação.
O anúncio fez as ações ordinárias e preferenciais da empresa fecharem em forte alta na Bolsa, com ganhos entre 2% e 3%. “A alta dos papeis só não foi maior por conta da queda do petróleo no mercado internacional”, dizem os analistas da Guide Investimentos.
“Com relação à remuneração aos acionistas aprovada, o montante está alinhado à Política de Remuneração aos Acionistas vigente, que prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos)”, diz a Petrobras no fato relevante, que informa também que a aprovação do pagamento é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia.
O pagamento dos dividendos por ação anunciado nesta quinta será feito em duas parcelas de R$ 0,94 cada, nos dias 18 de agosto e 20 de setembro. Terão direito ao recebimento os acionistas com posição no dia 12 de junho.
No documento, a empresa diz ainda que o conselho de administração determinou que a diretoria executiva elabore proposta de ajuste do planejamento estratégico em curso e aperfeiçoamento da política de remuneração aos acionistas, incluindo a possibilidade de recompra de ações, e submeta as matérias para deliberação antes do encerramento do mês de julho de 2023.
“Assim, a companhia poderá dar um passo efetivo no sentido de diminuir a distribuição de proventos a partir de seu próximo resultado”, dizem os analistas da Ativa.
Ao longo dos últimos meses, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sinalizado ao mercado que pretende rever a política de distribuição de dividendos da estatal, com um direcionamento maior de recursos para investimentos de expansão da operação.
Nesta quinta, o chefe do Executivo voltou a criticar a privatização da Eletrobras e disse que os Correios e a Petrobras não serão privatizados.
“Não vamos vender mais nada da Petrobras, os Correios não serão vendidos. Vamos tentar fazer com que a Petrobras possa ter a gasolina mais barata, o óleo diesel mais barato”, afirmou durante evento em Salvador (Folha de S.Paulo com Reuters, 12/5/23)