O Brasil deve processar 661,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar durante a temporada 2023/24 (que começou neste mês e vai até março de 2024), de acordo com estimativa da representação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em São Paulo.
O volume é 6,5% maior do que o registrado no ciclo anterior e o aumento está associado às condições climáticas favoráveis e à valorização do produto nas bolsas internacionais, afirmou a entidade em relatório. A produção do adoçante está prevista em 42 milhões de toneladas, 10,4% maior do que em 2022/23.
O Centro-Sul do País, exclusivamente, deve registrar moagem de 590 milhões de toneladas na safra 2023/24, alta de 46,1 milhões de toneladas ante a temporada anterior (de 543,9 milhões de toneladas).
“A safra de cana-de-açúcar da região Centro-Sul teve um bom desempenho em 2022/23 devido às condições climáticas favoráveis. Os altos preços do açúcar também garantiram que os agricultores mantivessem suas áreas marginais para o plantio da cana-de-açúcar”, disse o escritório do USDA em São Paulo.
O departamento prevê fabricação de 38 milhões de toneladas de adoçante na região em 2023/24 (13% acima das 33,6 milhões de toneladas de 2022/23).
Para este ciclo, espera-se que o fenômeno El Nino provoque chuvas mais intensas no segundo semestre de 2023, o que pode ser favorável para a cana-de-açúcar. O aumento dos preços do adoçante também deve resultar em uma maior participação do açúcar no mix de produção, segundo o escritório do USDA.
As usinas sucroalcooleiras brasileiras têm a capacidade de ajustar a proporção de sua produção entre o etanol e o açúcar e o USDA projeta que a cana destinada à produção de açúcar e etanol para 2023/24 seja de 47,8% e 52,2%, respectivamente, ante 45,2% e 54,8% de 2022/23.
O departamento também espera que as exportações brasileiras de açúcar aumentem 15% na safra 2023/24, para 32,4 milhões de toneladas, devido ao aumento do excedente de açúcar exportável em relação à safra anterior. O consumo interno de adoçante para 2023/24 foi estimado em 9,54 milhões de toneladas, 0,4% superior ao de 2022/23.
A produtividade no ciclo está prevista em 75,4 toneladas por hectare, 8% superior em relação à moagem anterior (69,75 toneladas por hectare). “Vale notar que a produtividade média do Centro-Sul é cerca de 30% maior que a do Norte-Nordeste, principalmente devido ao maior uso de máquinas e insumos avançados”, diz o USDA.
Segundo a representação do órgão em São Paulo, o conflito na Ucrânia pouco afetou a safra de cana-de-açúcar de 2022/23, já que o Brasil conseguiu encontrar fontes alternativas para o fornecimento de fertilizantes.
“No entanto, a alta nos preços dos fertilizantes provocou um aumento proporcional nos custos de produção das culturas agrícolas, incluindo a produção de cana-de-açúcar”, pontuou a entidade.
Neste ciclo, como produtores já se adaptaram à situação de conflito, o USDA considera improvável que a guerra reduza a disponibilidade de fertilizantes para os agricultores brasileiros.
“Considerando que o conflito no Leste Europeu começou há 13 meses, comerciantes e produtores de fertilizantes tiveram tempo de se adaptar à nova situação”, afirmou o departamento (Broadcast, 25/4/23)
