LCA aponta boa evolução da taxa no primeiro trimestre devido à oferta de produtos.
Embora a participação da agropecuária seja modesta na formação do PIB (Produto Interno Bruto), o setor será um dos propulsores da elevação de 1,3% da economia neste ano.
Na avaliação da LCA Consultoria Econômica, os setores que dependem essencialmente da ampliação da oferta têm boas perspectivas, conforme as bases do PIB. Agropecuária e mineração estão nesse contexto e apresentam perspectivas excepcionais para este ano.
Os dois setores deverão puxar com força o PIB para cima, principalmente no primeiro trimestre. As perspectivas de produção de grãos para este ano são de uma safra recorde próximo de 310 milhões de toneladas, com destaque para os primeiros meses do ano.
A safra de soja, cuja colheita já avança, deverá atingir 150 milhões de toneladas, um patamar jamais registrado pelo país. A colheita de milho virá a seguir, também com a promessa de uma produção acima dos padrões atuais, podendo atingir 125 milhões de toneladas.
No setor de pecuária, a produção de carnes subiu de patamar no ano passado e tem perspectivas de continuidade de crescimento neste.
Em 2022, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foram produzidos 26 milhões de toneladas de proteínas, na soma das carnes de frango, bovina e suína.
Se a agropecuária e mineração seguram o PIB, alguns setores mais sensíveis à política econômica, como a construção civil, investimentos e bens duráveis, podem ter forte desaceleração.
Com a redução da massa salarial, os bens não duráveis também deverão ser afetados. A velocidade do aumento da população ocupada está perdendo ritmo. É melhor, mas cresce mais lentamente.
A taxa de desemprego está estabilizada, mas o aumento da informalidade representa menos massa salarial, uma vez que reduz os salários médios.
Já o atendimento à saúde e à educação na rede pública é menos sensível à política econômica. O conjunto desses elementos explicam a possibilidade de o PIB recuar de uma taxa de 2,9% em 2022 para 1% neste ano, segundo avaliação da LCA, apresentada nesta quinta-feira (16).
Após crescimento no primeiro trimestre, a evolução ao longo do ano será mais lenta, segundo os analistas da consultoria.
Tomando algumas premissas básicas, o cenário externo para este ano poderá não ser tão complicado. A pandemia não deverá ter mais um efeito como o de anos anteriores.
Além disso, o conflito provocado pelos russos no Leste Europeu não deverá gerar problemas mais graves do que os já trazidos; e o controle da inflação nos países ricos não deverá ter resposta tão agressiva pelos governos, o que reduz a possibilidade de uma recessão mais acentuada.
No campo interno, o arcabouço fiscal e as reformas poderão responder aos desafios de forma positiva. Isso pode mudar o quadro de ceticismo que afeta o Brasil.
Mas, em um cenário interno e externo adverso, essas hipóteses se invertem. Se a inflação não ceder lá fora, e os bancos centrais apertarem os juros, a recessão será mais intensa.
Internamente há a possibilidade de uma frustração com o novo marco fiscal e com as reformas, que podem não gerar a confiança desejada (Folha de S.Paulo, 17/3/23)