Por Aparecido Mostaço
Produzir com eficiência, alta produtividade, controlando os custos e com sustentabilidade, sempre esteve no DNA de grande parte dos produtores brasileiros. Então, qual realmente será o diferencial competitivo? A sua capacidade de gestão. Começando com o básico bem-feito e chegando até a governança corporativa.
Da porteira para dentro o agronegócio brasileiro é imbatível e isso não é novidade para ninguém. Porém, dentro da porteira, ainda temos muito o que melhorar. Especialmente no que diz respeito a gestão, governança, disciplina com os custos e na sucessão familiar.
É preciso desenvolver uma cultura de gestão que consiga enfrentar os desafios do presente, sem perder de vista os caminhos do futuro que estarão repletos de desafios.
Daí a importância de formatar uma governança corporativa que crie os pilares de sustentação para a construção do “jeito” certo (para a sua cultura) de produzir, enfrentar os desafios, ganhar dinheiro e crescer. E, é preciso quebrar definitivamente o paradigma que planejar e fazer a lição de casa no que diz respeito à administração é burocracia e perda de tempo, como muitos produtores pensavam. É preciso olhar longe.
Como exemplo deste olhar para o futuro, tive o privilégio de ter trabalhado com grandes pioneiros no agronegócio e foi incrível acompanhar suas jornadas extraordinárias, cito dois gigantes desbravadores, Maurilio Biagi Filho, aos 81 anos com toda energia produtiva e o saudoso Olacyr de Moraes. Sempre dispostos a liderar suas indústrias e segmentos, com inovação e pioneirismo, visando a geração de empregos com sustentabilidade, mesmo antes do ESG virar as siglas do momento nas melhores práticas de governança.
Governança corporativa séria, verdadeira e sem excessos de floreios, será o grande diferencial das empresas e serão essas práticas de gestão profissional que garantirão a perpetuidade do negócio. Inclusive para a captação de crédito mais barato e de longo prazo.
Não podemos apenas fazer mais do mesmo, é preciso fazer mais e melhor aquilo que temos potencial para fazer. Sr. Maurílio fez história na bioenergia e ainda faz agora como empresário investidor e visionário e Olacyr fez história no algodão, na soja e com a Ferronorte.
A velocidade das mudanças e a profissionalização do mercado tem exigido do produtor e empresário, uma nova matriz de competências: atualização com as modernas tecnologias agrícolas, gestão de pessoas, planejamento, gestão de custos, gestão comercial (vender bem o que produziu), ESG e governança corporativa.
Temas como holdings familiares, o conselho de família, o conselho consultivo e com um plano de preparação para a sucessão estão cada vez mais presentes na agenda do produtor e empresário do agro.
Porém um alerta: sempre costumo dizer para meus clientes, que antes de qualquer processo documental, devemos enfrentar o processo comportamental. É ele que determinará se qualquer programa ou projeto terá sucesso ou não. Se as emoções envolvidas, não forem resolvidas, nada irá para frente. Sem o alinhamento de compromissos com as adequações comportamentais necessárias, será perda de tempo. Nada muda sem que as pessoas realmente queiram mudar (Aparecido Mostaço
CEO Energia Humana Consultoria, mais de 35 anos de agro)
