Este artigo foi escrito por Shaheen Contractor, analista sênior da Bloomberg Intelligence. Exibido antes no Terminal Bloomberg.
As empresas do maior quartil de scores de carbono BI têm mais chances de atrair capital de investidores ESG e de se beneficiar de mais investimentos futuros, conforme estes fundos crescem. Dentre as empresas menores que lideram o score, como a mineradora Boliden, os fundos ESG respondem por pelo menos 14% do seu valor de mercado — indicando não só o potencial de atrair mais fundos como também de atrair mais riscos, caso falhe em questões ESG ou diminua o fluxo para tais fundos. Para ações maiores, como a Tesla, a trajetória dos investimentos em ESG terá pouco impacto, pois esses fundos respondem por apenas 1% do valor de mercado.
Um alto score de carbono BI significa uma maior inclusão de fundos ESG
As empresas em nosso portfólio de líderes em carbono BI têm a maior participação de inclusão (fundos ESG que detêm as ações x todos os fundos que as detêm) com uma mediana de 24% — o que significa que quase um em cada quatro fundos detentores de ações é um fundo ESG. Isso mostra que a ambição climática está sendo reconhecida na seleção de ações e pode atrair mais interesse, conforme os investimentos em ESG aceleram. O portfólio de Laggards (empresas retardatárias com o pior desempenho) tem uma taxa de inclusão menor de 15%, sugerindo que as empresas que ignoram a transição para a baixa emissão de carbono podem ficar para trás. Orsted, Enel e CRH têm uma alta taxa de inclusão, de mais de 30%. Já Southern Copper e First Energy estão com um score baixo.
Nosso portfólio de líderes inclui as empresas com os maiores scores de carbono BI no quartil superior e as retardatárias na parte inferior.
Empresas de serviços públicos com ambição climática tiveram a maior inclusão, já as companhias aéreas a menor
A maior taxa de inclusão de fundos ESG para empresas com o maior score de carbono BI é mantida ao nível de setor e nível regional, embora alguns setores apresentem maiores discrepâncias entre as que estão na parte superior e as na parte inferior. A diferença é a mais alta em empresas de serviços públicos, onde as líderes têm uma taxa mediana de inclusão de fundos ESG de 25%, e as retardatárias de apenas 9% — indicando que as empresas do setor atraem investidores ao estabelecer metas de carbono. As companhias aéreas são o único setor a não mostrar diferença entre as líderes e retardatárias, indicando que os investidores em ESG são indiferentes às metas de carbono do setor. Isso indica um risco e também uma oportunidade perdida, pois as companhias aéreas continuam a fazer parte de um setor dependente de carbono.
A nível regional, a Europa mostra a maior diferença na inclusão de fundos ESG entre líderes e retardatárias. A Ásia-Pacífico tem a menor diferença.
14% do valor de mercado da Boliden em fundos ESG significa benefícios e riscos
As empresas menores que lideram nos scores de carbono BI (como a Boliden) têm pelo menos 14% do valor de mercado detido por fundos que levam em consideração ESG – um benefício se esses fundos continuarem agregando ativos. No entanto, dada a dependência moderadamente alta, essas empresas podem enfrentar riscos se tiverem um evento negativo relacionado ao ESG que faça com que os fundos vendam, ou caso os fundos percam o impulso de crescimento. Empresas maiores como a Tesla têm 1% de seu valor de mercado em fundos ESG e tem menos chances de serem afetadas pela trajetória desses fundos.
Nossa análise inclui fundos de gestão ativa que levam os fatores ESG em consideração, conforme monitorado pelos dados da Bloomberg. Incluímos fundos de capital com mais de US$ 100 milhões em ativos até 2022 e aqueles com dados de participação. Devido a isso, os valores reais podem ser maiores.
Metodologia do portfólio de carbono BI
O portfólio de líderes é composto pelas ações localizadas no quartil superior do nosso score de carbono BI, enquanto as retardatárias estão no quartil inferior. Os scores de carbono BI ajudam os investidores a identificar empresas que definiram metas de carbono em conformidade com as exigências climáticas do Acordo de Paris. Os scores avaliam o carbono em oito setores de acordo com as tendências de redução, intensidade atual e futura de CO2, cortes planejados e posicionamento em comparação com um benchmark alinhado às temperaturas até 2030.
Incluímos todos os setores avaliados, com exceção do setor químico, pois aguarda uma atualização.
(Bloomberg, 4/1/23)