A população ocupada do setor sobe para 19,1 milhões, após ter caído para 17,1 milhões na pandemia
O mercado de trabalho na agropecuária já se recuperou dos desacertos do período da pandemia. Há, inclusive, uma aceleração no quadro de trabalhadores.
O total da população ocupada no setor no terceiro trimestre deste ano atingiu o maior número dos últimos sete anos. O avanço ocorre, no entanto, nos setores de indústria e de serviços, perdendo força no campo.
No terceiro trimestre de 2012, a população ocupada no agronegócio era de 19,7 milhões, mas recuou para até 17,1 milhões no mesmo período de 2020, durante a pandemia.
Neste ano, está em 19,1 milhões. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que se baseia na Pnad Contínua do IBGE e em informações da Rais/MTE (Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho).
Nicole Rennó Castro, pesquisadora do Cepea, diz que a maior evolução do emprego no trimestre de julho a setembro foi na agroindústria e no agrosserviço. Isso ocorre porque esses setores vinham com uma recuperação muito lenta até então.
Já o setor da agropecuária, que inclui o emprego dentro da porteira, teve um pequeno recuo, mas já havia se ajustado anteriormente, segundo a pesquisadora.
Os segmentos de cereais, soja e café têm redução na população ocupada, em relação igual período de 2021, mas os segmentos de laranja, cana-de-açúcar e cacau registram alta.
A agroindústria brasileira tinha, no terceiro trimestre deste ano, 4,1 milhões de trabalhadores, 110 mil a mais do que em 2021. O agrosserviço somou 6,3 milhões, com alta de 461 mil.
Na pecuária, o setor de bovinos manteve a população ocupada, mas avicultura e suinocultura reduziram o quadro de trabalhadores. No caso de aves, a queda foi de 18%, em relação a 2021, segundo a pesquisa do Cepea.
No segmento agroindustrial, a indústria de açúcar, óleos vegetais e de moagem lideraram as expansões no quadro de trabalhadores.
O número total de trabalhadores com carteira assinada teve um incremento de 8% neste ano, mas os sem carteira subiram 6%. A categoria empregador aumentou em 10%, com o número total dos empregadores no agro subindo para 778 mil.
A renda média mensal dos empregados do agronegócio aumentou para R$ 2.248 neste ano, uma evolução de 4,9% em 12 meses. Já o rendimento médio do trabalhador brasileiro, embora tenha subido apenas 1,28%, ficou acima, em R$ 2.650.
Aos poucos, a renda dos trabalhadores do agronegócio vem se aproximando da média do rendimento dos trabalhadores do país, afirma Rennó (Folha de S.Paulo, 25/11/22)