A queda na safra é explicada pelos baixos volumes de precipitação, consequência do fenômeno La Niña.
A produção paulista de cana-de-açúcar é estimada em 283,4 milhões de toneladas, volume 5,06% inferior ao da safra passada e 5,96% menor que a projeção do levantamento anterior, segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de 2022/23, com dados elaborados pelo Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp). A nova estimativa foi divulgada na última semana.
A queda na safra é explicada pelos baixos volumes de precipitação, consequência do fenômeno La Niña, bem como pela redução da área em produção. A estimativa é de que 3,99 milhões de hectares sejam colhidos neste ciclo, uma queda de 5,26% em comparação com a safra passada.
De acordo com a Conab, a redução da área em produção é resultado da concorrência com cultivos de soja e milho e dos problemas climáticos ocorridos em 2021, que impossibilitaram que parte das áreas fossem destinadas ao corte.
Assim, as estimativas para a área de mudas e a área plantada cresceram 59,7% e 5,2%, somando 128,4 mil hectares e 676,2 mil hectares, respectivamente.
Produção de cana-de-açúcar x condições climáticas
As condições climáticas no estado de São Paulo devem impactar o açúcar total recuperável (ATR médio), com queda estimada de -6,28%, somando 135,2 kg/ton. O ATR total é projetado em 40,7 milhões de toneladas (-5,48% frente ao resultado anterior).
Contudo, apesar das adversidades climáticas, a projeção da Conab indica uma produtividade média de 71.094 kg/toneladas, alta de 0,2% em comparação com o ciclo 2021/22.
“Os produtores, em especial os paulistas, continuam investindo na produtividade” — Fábio de Salles Meirelles
“Os dados mostram que, apesar das questões climáticas, os produtores, em especial os paulistas, continuam investindo na produtividade”, afirma o presidente da Faesp, Fábio de Salles Meirelles.
Açúcar
Nesta safra, a prioridade é para a produção de açúcar: 155,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para o adoçante (54,8%) e 117,0 milhões de toneladas para o combustível (41,3%). A maior destinação para o açúcar é justificada pelo volume do adoçante comercializado antecipadamente e, ainda, pelos preços atrativos desse produto.
Apesar disso, a estimativa para a produção de açúcar neste ciclo é 1,86% menor que a da safra passada: 21,0 milhões de toneladas. Para a produção de etanol, espera-se uma queda de 9,53%: 10,8 bilhões de litros no total, sendo 5,09 bilhões de litros do anidro (-4,71%) e 5,71 bilhões de litros do hidratado (-13,43%).
Levantamento sobre a cana
Em relação à safra brasileira de cana, o segundo levantamento da Conab para a safra 2022/23 estima uma produção de 572,9 milhões de toneladas, volume 1,02% inferior ao da safra passada e 3,9% menor que a projeção do levantamento anterior.
A queda na estimativa é decorrente da redução na área colhida e, ainda, das baixas precipitações e temperaturas registradas na região Centro-Sul do país, que impactaram negativamente o rendimento das lavouras de alguns estados dessa região.
A projeção é de 8,13 milhões de hectares colhidos neste ciclo, representativos de uma queda de 2,6% em comparação com a safra passada.
Segundo a Conab, o principal motivo da perda de área colhida de cana-de-açúcar foi a concorrência com os cultivos de soja e milho, mas a queda também é resultado das áreas de reforma que não puderam ser colhidas, dados os impactos da estiagem e das geadas ocorridas em 2021.
Diante desse cenário, as estimativas para a área de mudas e a área plantada cresceram 31,8% e 8,7%, somando, 265,7 mil hectares e 1,31 milhão de hectares.
Outros dados da Conab sobre a cana-de-açúcar
No contexto geral, as condições climáticas no Centro-Sul devem refletir também no ATR médio, que sinaliza queda de -5,95%, totalizando 133,2 kg/ton. O ATR total é projetado em 80,0 milhões de toneladas (-3,43% frente ao resultado anterior).
Por outro lado, mesmo com os eventos climáticos adversos na região Centro-Sul do país, a produtividade esperada na safra 2022/23 é de 70.484 kg/ha, 1,63% superior à do ciclo 2021/22.
A produção de etanol deve ser priorizada em prejuízo a de açúcar: são 277,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para o adoçante (48,4%) e 282,5 milhões de toneladas para o combustível (49,3%). A produção de açúcar deve cair 3% neste ciclo, considerando que são estimadas 33,89 milhões de toneladas.
Para a produção de etanol de cana-de-açúcar, a expectativa é de queda de 2,2%: 25,8 bilhões de litros no total, sendo 10,4 bilhões de litros do anidro (+1,96%) e 15,4 bilhões de litros do hidratado (-4,78%). O grande destaque é para o etanol de milho, que apresenta projeção de crescimento de 30,28%: 4,52 bilhões de litros nesta temporada, contra 3,47 bilhões de litros produzidos na safra passada (Canal Rural, 8/9/22)