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Duradoura, onda de frio percorrerá o país do Rio Grande do Sul ao Acre

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Impedido de se dissipar, fenômeno derruba temperaturas em regiões atípicas até o próximo fim de semana.

A onda de frio que surpreendeu diferentes estados com um amanhecer gelado nesta quarta-feira (18) se comporta como uma espécie de turista que, impedido de sair Atlântico afora, tomou gosto pelo Brasil e resolveu conhecer novos destinos.

Até o próximo final de semana, seu roteiro que começou na segunda-feira (16) no Rio Grande do Sul —onde já causou uma tempestade subtropical— chegará ao Acre derrubando termômetros pelo caminho.

Conforme a meteorologista Andrea Ramos, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o que faz essa onda ser peculiar não é tanto a intensidade do frio que ela proporciona, mas o tempo de permanência no país, o que faz com que ela passe por regiões atípicas, como o Centro-Oeste e o Norte do Brasil.

“Geralmente as massas polares de outono começam ao sul do globo terrestre, passam pela Argentina e região Sul do Brasil e em questão de dois a três dias migram para o Sudeste já perdendo força. Mas esta atual foi afetada pela mudança da direção dos ventos ocasionada pelo La Niña, que a impedem de sair e dissipar”, declara a meteorologista.

Ao encontrar resistência para se dissipar sobre o oceano, o fenômeno percorre o território brasileiro com ainda mais intensidade. Aos rodopios, atinge com frio e rajadas de vento mais regiões do Brasil.

O fenômeno proporciona quedas rápidas de temperatura e diferenças significativas nos termômetros mesmo entre estados próximos. Nesta quarta-feira, por exemplo, enquanto São Paulo enfrentava 7,2°C pela manhã e Belo Horizonte tinha 6,7°C, Vitória, marcava amenos 20,5°C.

Em São Paulo, a mínima registrada de 6,6°C não ocorria desde 1990. O interior do estado tem outras duas cidades entre as cinco mais frias na terça-feira (17): Campos do Jordão, que registrou -0,1°C e Ituverava, com 0,7°C, conforme o Inmet. Até o final de semana, a onda deve chegar a Rio Branco (AC) e ao sul do Amazonas e Pará, acarretando um fenômeno meteorológico chamado de friagem.

Visitada de surpresa pela onda de frio, Campo Grande registrou 8,7°C às 7h. Neste mesmo dia em 2021, a temperatura mínima na capital do Mato Grosso do Sul era de 29°C. Arrepios semelhantes vivenciaram moradores de Rio de Janeiro, que amanheceu com 11,8°C, e Distrito Federal, onde fez 8,7°C.

Antes de assustar brasileiros em regiões atípicas, a onda de frio propiciou neve e alguns estragos nos estados da região Sul. Santa Catarina registrou a mínima nacional de terça-feira, de -2,5°C em Bom Jardim da Serra. Também ocorreram nos estados ao Sul os seis registros de neve do Inmet, em Cambará (RS), São José dos Ausentes (RS), Urupema (SC), Urubici (SC), São Joaquim (SC) e Palmas (PR). Conforme o instituto, não há mais previsão de neve para os próximos dias.

Além do frio, Santa Catarina e Paraná enfrentam nesta quarta-feira (18) a tempestade subtropical Yakecan, que passou pela costa do Rio Grande do Sul na madrugada passada, mas deve atingir a costa dos estados vizinhos com menos força já em direção ao alto mar.

Conforme o Inmet, a tempestade é uma espécie de fenômeno desgarrado da onda de ar frio, que provoca rajadas de vento em torno de 100 km/h e pode acarretar estragos. A Yakecan foi reclassificada de ciclone para tempestade subtropical pela Marinha na segunda-feira (16), quando a Defesa Civil Nacional emitiu alerta sobre o fenômeno. Os dois são sistemas de baixa pressão atmosférica que se movimentam em sentido horário no Hemisfério Sul, mas a magnitude das tempestades é maior. A denominação subtropical se refere à temperatura, que é maior no núcleo do que na atmosfera ao redor dele.

No RS, o impacto da Yakecan causou danos no fornecimento de energia elétrica. No litoral do Paraná, os ventos chegaram a 70 km/h e as travessias para a Ilha do Mel foram suspensas. De acordo com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), houve geada em algumas regiões de vale e costas de montanha. A possibilidade de neve, porém, já foi descartada pelos meteorologistas (Folha de S.Paulo, 19/5/22)

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