Márcio Andrade Weber foi indicado para a presidência do Conselho de Administração da estatal.
O Ministério das Minas e Energia apresentou nesta quarta (6) os nomes de José Mauro Ferreira Coelho para presidir a Petrobras e de Márcio Andrade Weber para comandar o Conselho de Administração da estatal.
Os nomes fazem parte de uma solução interna do governo, que não encontrou pessoas da iniciativa privada dispostas a ocupar os postos em meio à pressão do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre os preços de combustíveis. Com isso, passaram a ser discutidas opções já ligadas à administração pública.
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Enquanto Coelho já integra o conselho de uma estatal e passou pelo MME (Ministério de Minas e Energia), Weber faz parte do conselho de administração da própria petroleira.
Coelho é presidente do Conselho de Administração da estatal PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.) e estava cumprindo quarentena, após ter pedido demissão, em outubro do ano passado, do cargo de secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do MME. Ele foi servidor público por 14 anos.
Ele é formado em química industrial, mestre em engenharia dos materiais pelo IME (Instituto Militar de Engenharia) e doutor em planejamento energético pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Próximo ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o nome de Coelho vinha sendo considerado por ser um dos poucos com experiência no setor de óleo e gás na gestão bolsonarista.
Já Weber é diretor da empresa Petroserv e trabalhou por 16 anos na Petrobras. Teve passagem por outras empresas e prestou assessoria a grupos privados na operação de plataformas de exploração de petróleo.
É engenheiro civil pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), com especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras. Ele já integra o atual conselho de administração da estatal.
Ambos os nomes precisam ser aprovados pela assembleia da Petrobras, marcada para a próxima quarta (13). Em comunicado, a estatal confirmou que recebeu as indicações do governo.
A escolha do sucessor de Joaquim Silva e Luna na Petrobras foi marcada por indefinições e desencontros. O primeiro nome indicado pelo governo foi o do empresário Adriano Pires, sócio fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), que acabou desistindo antes mesmo de assumir.
Em carta ao ministro Albuquerque, Pires alegou que não conseguiria se desligar de sua consultoria “em tão pouco tempo” para assumir o comando da Petrobras. A assessores palacianos, porém, o empresário alegou potencial conflito de interesses para justificar sua desistência.
Um dos principais entraves para a nomeação foi o fato de Pires querer transferir as cotas do CBIE para seu filho, hoje sócio e diretor da empresa. O problema é que, para cumprir as exigências da Lei das Estatais, o parente também teria de abrir mão da empresa —o que ele não quis.
Além do empresário, houve ainda a desistência de Rodolfo Landim, antes indicado por Bolsonaro para presidir o conselho de administração da estatal.
Se fosse aprovado, ele substituiria o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que pediu para deixar o cargo alegando razões pessoais. Ao declinar do convite, Landim alegou dificuldade em conciliar a posição com seu cargo de presidente do Flamengo.
Apesar de o mercado financeiro ter inicialmente comemorado as duas indicações do governo, Landim e Pires formariam na Petrobras uma dupla considerada constrangedora na visão de especialistas, pois ambos são próximos ao empresário baiano Carlos Suarez, que tem fortes interesses no setor de gás.
A percepção no setor empresarial, após o anúncio da dobradinha, é que estava em curso uma engenharia política no governo e no Congresso para dar espaço aos interesses de Suarez na Petrobras. O empresário baiano também é próximo de muitos políticos, especialmente do centrão, entre eles o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Com as desistências de Pires e Landim, o governo passou a sondar outros nomes de mercado para o posto, mas esbarrou em muitos obstáculos. Além do risco político de uma interferência na política de preços da companhia, pesou a perspectiva de uma gestão curta diante do fim do atual mandato de Bolsonaro.
No vaivém de convites, sondagens e especulações, o Palácio do Planalto recebeu a negativa do ex-presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo) Décio Oddone, sondado para a presidência da estatal.
Em outra frente, a opção por Caio Mário Paes de Andrade, auxiliar do ministro Paulo Guedes (Economia) chegou a ser colocada na mesa, mas enfrentou um veto de peso, o de Lira.
Sem novos candidatos para a presidência e o conselho de administração da Petrobras, o governo chegou a cogitar o adiamento da votação da nova composição na assembleia da próxima semana, mas isso acabou sendo descartado pelo ministro de Minas e Energia.
INDICADOS PELO GOVERNO PARA COMANDAR A PETROBRAS
José Mauro Ferreira Coelho, indicado para a presidência-executiva
Presidente do conselho de administração da estatal Pré-Sal Petróleo. Foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Tem experiência no setor e atuou como docente de graduação e pós-graduação.
Bacharel em Química Industrial, Mestre em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e Doutor em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Márcio Andrade Weber, indicado para a presidência do Conselho de Administração
Diretor da empresa Petroserv. Trabalhou por 16 anos na Petrobras. Teve passagem por outras empresas e prestou assessoria ao grupo PMI na operação de plataformas.
Engenheiro civil pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), com especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras (Folha de S.Paulo, 7/4/22)