Preço do barril supera US$ 100 após invasão da Ucrânia.
O petróleo é a commodity que tem mais efeito sobre a inflação no Brasil, seguido pelas commodities agrícolas, segundo análise do Banco Central divulgada no final do ano passado.
Uma elevação de 10% no preço do barril de petróleo Brent tem impacto de 0,66 ponto percentual no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) após quatro trimestres, segundo estimativas apresentadas no último Relatório Trimestral de Inflação.
Neste ano, o barril já subiu mais de 30% e superou US$ 100 nesta quinta-feira (24), após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Parte desse movimento pode ser amenizado, no entanto, pela valorização do real.
De acordo com o BC, há efeito significativo nos preços administrados no primeiro trimestre, por meio dos derivados de petróleo (gasolina, gás de botijão e diesel).
Mesmo com a queda do dólar, o preço da gasolina nas refinarias brasileiras continua com uma defasagem em torno de 10% em relação ao valor na Bolsa de Valores dos EUA, de acordo com cálculo do Banco Original atualizado até quarta-feira (22).
Outros preços de produtos básicos negociados no mercado internacional também estão sendo influenciados pela guerra e podem bater na inflação no Brasil.
O BC calcula que uma elevação também de 10% no preço das commodities agrícolas em dólar tem um impacto máximo de 0,17 ponto percentual, enquanto um choque de mesma magnitude no preço de commodities metálicas tem efeito máximo de 0,04 ponto.
Sobre a reação a esses choques, o BC afirma que uma elevação de preços de todas as commodities de 10% teria impacto de 0,6 ponto no primeiro trimestre, chegando a 0,9 ponto após um ano. Um aumento de 1 ponto na taxa básica de juros compensaria apenas 0,3 ponto dessa alta após 12 meses.
“Mesmo com reação imediata da política monetária, tende a prevalecer no curto prazo o impacto inflacionário do choque de custos”, afirma o BC.
Segundo os cálculos da instituição, reações da taxa de juros para contrabalançar com maior intensidade os efeitos de curto prazo do choque de custos podem gerar efeitos excessivos sobre a inflação em um segundo momento (Folha de S.Paulo, 25/2/22)