Por Roberto Rodrigues
Vimos heróis como Cirne Lima, Eliseu Alves e Alysson Paolinelli conquistarem o cerrado com políticas públicas oportunas; e ainda vamos ver o Brasil ser o campeão mundial da segurança alimentar.
Há poucos dias completei mil meses de idade! Impressionante! Como se diz comumente, minha geração viveu em dois séculos e em dois milênios, o que não é tão extraordinário, mas o que vimos nesse tempo é sim. Vimos Pelé jogar futebol, além de Garrincha, Canhoteiro, Zico, Gerson de Oliveira Nunes, Zizinho, Nilton Santos, Pagão e Zito. E vimos Beckenbauer, Cruyff, Puskás, Di Stéfano, Maradona, Messi e Cristiano Ronaldo.
No basquete vimos Wlamir Marques, Amauri Passos, Oscar Schmidt, Michael Jordan, LeBron James. Assistimos bang-bangs heroicos com John Wayne, Kirk Douglas, Gregory Peck, Burt Lancaster, Clint Eastwood.
Tivemos sonhos com Brigitte Bardot, Claudia Cardinale, Elizabeth Taylor. E Audrey Hepburn, ah, linda. E Marta Rocha com duas polegadas a mais. Vimos o homem descer na Lua, vimos o fax aparecer como uma maravilha e sumir como uma antiguidade em poucos anos. A internet chegou e assumiu tudo.
Ouvimos Nat King Cole, Frank Sinatra, Édith Piaf, Domenico Modugno, Charles Trenet. E Sílvio Caldas, Elizete Cardoso, Nelson Gonçalves, Gal Costa, Elis Regina. E Carlos Gardel, Os Beatles, Gregorio Barrios, Roberto Carlos, Chico Buarque.
Decoramos letras de Tom Jobim, Vinicius, Caymmi, Erasmo, Milton Nascimento, Noel Rosa e Ary Barroso. Rimos com Chico Anysio, Jô Soares Dercy Gonçalves, Golias, Walter D’Ávila, Os Trapalhões.

Tivemos contemporâneos fundamentais para a história da modernidade: Kennedy, Churchill, De Gaulle, Stalin, Mao Tsé-Tung, Adenauer, Getúlio, Angela Merkel, Kruschev, Deng Xiaoping, Hirohito, Hitler, Juscelino, Golda Meir, João Paulo II, Gorbatchev, Xi Jinping, Fidel Castro, Martin Luther King.
Lemos Machado de Assis, Erico Verissimo, Aldous Huxley, Jorge Amado, Maugham, Morris West, Solzhenitsyn, Hesse, Monteiro Lobato, Hemingway, Kundera. Vimos guerras, revoluções, ditaduras, presidentes depostos, um que se suicidou, alguns que renunciaram.
Mas também vimos a agricultura brasileira em 1975 importar 30% da comida consumida aqui e, em 50 anos, exportar para mais de 190 países. Vimos o etanol de cana puxar o cordão dos biocombustíveis e da agroenergia.
Vimos o IAC fundado por D. Pedro II liderar a introdução da tecnologia agrícola transformadora. E vimos a Embrapa tropicalizar essa agropecuária em pouco tempo.
Vimos heróis como Cirne Lima, Eliseu Alves e Alysson Paolinelli conquistarem o cerrado com políticas públicas oportunas. E ainda vamos ver o Brasil ser o campeão mundial da segurança alimentar e, portanto, da paz. É só aguentar algumas dúzias de meses a mais. Feliz Natal e um maravilhoso 2026! (Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas; Estadão, 14/12/25)









