Confira as notícias do Agronegócio no Paraná

Tarifaço custou US$ 240 milhões em exportações do agro brasileiro aos EUA

Levantamento da Globo Rural com dados do Comex Stat mostra que esse foi o valor perdido entre agosto e outubro deste ano.

A revogação das tarifas extras de 40% impostas pelos Estados Unidos envolve US$ 240 milhões em exportações do agronegócio brasileiro. Levantamento da Globo Rural com dados do Comex Stat mostra que esse foi o valor perdido entre agosto e outubro deste ano, na comparação com igual período de 2024, quando as sobretaxas ainda não estavam em vigor.

O montante considera as negociações com café, carne, água de coco e frutas frescas (bananas, melões, mamões e manga).

O padrão é semelhante: crescimento antes das tarifas do presidente americano, Donald Trump, entre janeiro e julho de 2025, seguido de desaceleração e queda após as medidas, no período de agosto a outubro, quando comparado ao mesmo intervalo de 2024. Já as frutas frescas apresentaram queda nas duas janelas.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados e consultor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), reforça a necessidade de acompanhar a relação comercial entre os países no cenário pós-tarifas.

“A tendência é de aumento de exportação em volumes de café, carne bovina, de frutas e demais produtos isentados. Ainda precisaremos conferir o volume embarcado antes e depois das tarifas, para ter certeza sobre eventuais perdas ou ganhos de mercado”, avalia.

Bruno Corano, economista da Corano Capital, entende que as tarifas contribuíram positivamente para alguns destes setores. “Em perspectiva pragmática, de certa forma, as tarifas foram positivas, porque os exportadores brasileiros se esforçaram em abrir novos caminhos. Algumas indústrias tiveram mais sucesso, outras menos”, afirma.

Corano aposta em pressão sobre o preço do café com a flexibilização das tarifas. “O café está com o preço alto, mesmo no mercado interno, por conta de uma safra inferior ao esperado. Logo, a abertura ou a reabertura de mercado apresenta risco de pressão sobre os preços, que já estão altos”, avalia.

O café registrou um avanço expressivo no acumulado de janeiro a julho: as exportações cresceram 34,6%, passando de US$ 966,7 milhões em 2024 para US$ 1,3 bilhão em 2025. Porém, entre agosto e outubro, com o tarifaço, o setor perdeu dinamismo, com uma queda de 16,7%, ao recuar de US$ 428,3 milhões, em 2024, para US$ 356,7 milhões (2025).

Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Portadores de Café do Brasil (Cecafé), também celebrou a decisão divulgada na última quinta-feira (20/11). “O medo era de que o cenário fosse irreversível, com a perda de participação nos blends e contratos de importadores com concorrentes. A mudança traz isonomia ao mercado. Vamos correr para recuperar os espaços e retomar todas as exportações”, disse.

Dependência dos Estados Unidos pela carne brasileira

Para a carne bovina, Bruno Corano compreende maior dependência dos EUA em relação ao Brasil, que mantém oferta de carne consistente. “No caso da carne, os Estados Unidos são quem mais se beneficia disso. O rebanho americano cai nos últimos dez anos e a demanda de carne sobe. Então, há uma dependência significativa da importação da carne brasileira. O restabelecimento do Brasil potencializa o país em termos de comércio exterior”, afirma.

Já no caso da carne bovina fresca, resfriada ou congelada, as vendas mais que dobraram nos primeiros sete meses deste ano, saltando 118%, de US$ 395 milhões em 2024 para US$ 861,6 milhões em 2025.

No entanto, no trimestre em que as tarifas de 50% estavam em vigor, houve forte retração: as exportações caíram 53,7%, de US$ 297,5 milhões (2024) para US$ 137,9 milhões (2025).

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) comemorou a ordem executiva dos EUA de retirar as tarifas sobre a carne bovina. “A reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira”.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) também comemorou a decisão que reverte as sobretaxas impostas ao Brasil. A entidade considera que a medida garante maior competitividade e previsibilidade no comércio exterior, com contratos mais longos e estáveis.

Em comunicado, a federação classifica a Ordem Executiva 14.323 como positiva para a cadeia da carne. “A pecuária mato-grossense comemora essa reversão de tarifas. Esperamos que esse novo cenário de diálogo contribua para ampliar as exportações, consolidar parcerias e fortalecer o agronegócio regional, impulsionando o crescimento econômico de Mato Grosso e do Brasil”, afirmou o superintendente Cleiton Gauer.

Água de coco e frutas frescas

No caso da água de coco, o valor exportado aumentou 54,9%, de US$ 24,4 milhões em 2024 para US$ 37,8 milhões em 2025. Enquanto entre agosto e outubro, o setor recuou 25%, passando de US$ 18,2 milhões (2024) para US$ 13,7 milhões (2025).

Por outro lado, as exportações de frutas frescas, considerando bananas, melões, mamões e manga, registraram queda nas duas janelas analisadas. Entre janeiro e julho, o setor somou US$ 3,7 milhões em vendas externas em 2025, frente aos US$ 5 milhões do igual período do ano anterior (-26,2%).

No desempenho pós tarifaço, de agosto a outubro, a quantia saiu de US$ 30,1 milhões em 2024 para US$ 25,9 milhões em 2025. uma queda de 14%.

Mesmo com o valor em queda, a quantidade de frutas frescas exportadas teve um aumento de 36% no volume. Neste ano, foram 36,4 mil toneladas contra as 26,8 mil alcançadas em 2024. Considerando o preço médio dos produtos, o valor caiu de US$ 1,315/kg para US$ 0,815/kg em 2025 (-38%) (Globo Rural, 24/11/25)

Compartilhar:

Central de Atendimento

Contato: André Bacarin

    Acesse o mapa para ver nossa localização