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Governo corre para entregar Plano Clima ainda durante a COP30

‘Estamos avançando consistentemente para fechar os entendimentos e estamos otimistas’, diz o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente.

O governo trabalha com a meta de entregar o Plano Clima ainda durante a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP30) no Brasil, que acontece em Belém (PA), até o dia 21, apesar do setor de agronegócios pressionar nos últimas dias por seu adiamento.

Nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe a Cúpula dos Chefes de Estado que vieram para a COP30 e os debates e negociações no âmbito da conferência já começam a partir de segunda-feira.

Como mostrou o Valor, o setor de agronegócios chegou a pedir ao governo para adiar essa entrega, após um impasse em torno das ações de mitigação das mudanças climáticas e da atribuição das emissões do desmatamento ilegal na conta do setor agropecuário. Mas fontes relatam que houve um consenso nos últimos dias.

“Não entendemos que será necessário [deixar para depois da COP30], porque é uma entrega relevante para o Brasil”, disse ao Valor o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco. “Estamos trabalhando para concluir o processo nos próximos dias. Estamos avançando consistentemente para fechar os entendimentos e estamos otimistas”, acrescentou.

Antes do anúncio formal pelo presidente Lula, Capobianco explica que é preciso haver um entendimento final em torno do capítulo reservado à agropecuária e na sequência o Plano Clima ainda precisa ser levado para aprovação no Conselho Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), formado por 23 ministros e sob coordenação do MMA e da Casa Civil. No entanto, ainda não foi convocada uma reunião do Conselho e havia dúvidas se há tempo hábil para o colegiado se encontrar.

“Estamos trabalhando com a convocação do CIM em breve e a intenção é entregar o Plano nos próximos dias”, reiterou o secretário. Ele disse ainda que ainda vêm sendo realizadas reuniões permanentes com o setor agropecuário. Uma fonte do governo que também acompanha as negociações diz que “estamos 99% em alinhamento” com o Ministério da Agricultura e “o agro fechou positivo”.

O Valor mostrou ontem que o Executivo aceitou separar os cálculos das emissões e remoções de gases de efeito estufa de transição do uso do solo em propriedades rurais para um novo plano setorial. E com isso, deve haver três planos de mitigação: de áreas públicas, de áreas privadas e da agropecuária.

Histórico

O Plano é uma iniciativa de governo que serve como roteiro de implementação no Brasil das metas de redução de emissão de gases de efeito estufa, as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). E reúne dados sobre o impacto de cada segmento da economia nas mudanças climáticas.

O documento foi lançado em novembro do ano passado e nos últimos meses entrou na fase final de elaboração de seus planos setoriais de adaptação climática (16 ao todo) – estes já estão finalizados – e planos de mitigação (sete, dos quais um se refere ao agronegócio).

O segmento agropecuário, entretanto, reclama que o Plano atribuía ao setor emissões que incluem desmatamento fora do domínio privado (como áreas públicas e assentamentos), ignorava remoções em propriedades e punia supressão legal sem incentivos (Globo Rural, 6/11/25)


Entidades do agro aguardam recuo do governo em itens considerados essenciais no Plano Clima

No agro, fontes dizem que o Ministério do Meio Ambiente está ‘otimista demais’ — Foto: Globo Rural

Uma nova versão do texto deverá ser apresentada para avaliação do setor na próxima semana.

Apesar do otimismo do Ministério do Meio Ambiente para a conclusão e possível lançamento do Plano Clima durante a COP30, na próxima semana, entidades da agropecuária ainda não bateram o martelo sobre o texto do caderno setorial do campo e aguardam recuos do governo federal em itens considerados essenciais pelos produtores, como o desmatamento legal e a metodologia de cálculo de emissões e remoções de gases, para selar um possível acordo.

O consenso, até agora, é que haverá a criação de um novo plano setorial, o oitavo, para reunir as atribuições de emissões e metas de mitigação por modificações de uso da terra de forma separada entre áreas públicas, privadas e a agropecuária. Dessa forma, a geração de gases poluentes pelo desmatamento ilegal e em locais sob domínio da União não seriam mais responsabilidade do agronegócio, dizem fontes a par do assunto.

A Pasta da ministra Marina Silva, no entanto, estaria insistindo em contabilizar emissões geradas pelo desmatamento legal, aquele realizado dentro da área autorizada pelo Código Florestal, que varia de 20% a 80% da área das propriedades rurais, de acordo com o bioma onde está localizada.

Para entidades do agro, a contabilização dessas emissões é contraditória, já que é autorizada pela lei ambiental brasileira. O pedido é para que o MMA exclua esse item e garanta que desmatamentos legais não sejam computados no Plano Clima para não aumentar o peso da geração de CO2 equivalente pelos produtores.

As entidades também reclamam da metodologia adotada pelo governo federal para calcular e atribuir emissões e remoções. A crítica é que os números e metas relatadas no Plano Clima vêm de bases de dados não oficiais, como o MapBiomas, e de modelos não auditáveis, como o Blues (Brazilian Land Use and Energy System).

Uma reunião foi realizada nesta quarta-feira (5/11) com a participação de lideranças do agronegócio, a ministra Marina Silva, o secretário-executivo João Paulo Capobianco, o secretário de Mudança do Clima, Aloisio Lopes Pereira de Melo, e o secretário-extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial da Pasta, André Lima. Consultada, a Pasta ainda não respondeu.

Expectativa para a COP30

Nesta quinta-feira (6/11), Capobiano disse que o governo corre para entregar o Plano Clima na COP30. “Não entendemos que será necessário [deixar para depois da COP30], porque é uma entrega relevante para o Brasil”, disse ao Valor. “Estamos trabalhando para concluir o processo nos próximos dias. Estamos avançando consistentemente para fechar os entendimentos e estamos otimistas”, completou.

No agro, fontes dizem que o Ministério do Meio Ambiente está “otimista demais”. Uma nova versão do texto deverá ser apresentada para avaliação do setor na próxima semana. O acordo depende de avanços nas questões do desmatamento e da metodologia, destacaram as fontes.

O ex-ministro e enviado especial da agricultura para a COP30, Roberto Rodrigues, lidera o processo pelo lado da agropecuária. Nas recentes conversas, ele afirmou aos representantes do MMA que o setor não aceitará nada que criminalize o produtor rural.

Diante das resistências da ala ambiental do governo, a Casa Civil teve que intervir na mediação do Plano Clima e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi acionado e está ciente do impasse entre MMA e o agronegócio, disse uma fonte. Roberto Rodrigues contaria com o aval do embaixador André Correa do Lago, presidente da COP30, para os pleitos.

Nessa semana, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que pediria a Lula para adiar a apresentação do plano setorial da agricultura e pecuária. A Pasta não tem participado ativamente das discussões com o MMA (Globo Rural, 6/11/25)

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