Confira as notícias do Agronegócio no Paraná

Governo tem visão equivocada no corte da mistura de biodiesel

Patrocinadores

Após um período de forte aceleração, preços do óleo de soja se ajustam em 2025.

O governo atual repete o anterior e interrompe o ciclo programado de mistura de biodiesel ao diesel. Uma atitude sem uma avaliação correta do mercado no momento.

O óleo de soja realmente passou por fortes correções de preços nos anos recentes. Quebra mundial na safra de soja e invasão da Ucrânia pela Rússia estiveram entre os fatores principais.

No caso da Ucrânia, devido à importância do país no mercado internacional de óleo de girassol, houve um aumento geral nos preços dos demais óleos.

Além disso, Indonésia e Malásia tiveram problemas na produção de óleo de palma, assim como Canadá e Europa tiveram no de canola. A Argentina, principal fornecedora mundial de óleo de soja, reduziu o esmagamento da oleaginosa, e os Estados Unidos passaram a utilizar mais o produto na produção do diesel verde.

Demorou, mas o mercado vem se ajustando. A forte pressão sobre o óleo de soja passou. Em novembro, a tonelada era negociada a R$ 7.425 no mercado paulista. No mês passado, estava em R$ 6.900, segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

A produção mundial de soja vai atingir o recorde de 424 milhões de toneladas nesta safra, com crescimento de 12% sobre a de há dois anos. Neste mesmo período, as negociações internacionais com a oleaginosa vão crescer apenas 6%, segundo estimativas do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

A projeção de esmagamento de soja no Brasil é de um recorde de 57,9 milhões de toneladas, um volume previsto ainda com o percentual de mistura de 15% de biodiesel, que entraria em vigor no próximo mês. O percentual foi adiado pelo governo.

Com a produção recorde de soja no Brasil e um mercado internacional menos ativo neste ano, a soja que não for esmagada para a produção de biodiesel deverá ficar no mercado interno.

A porção de soja utilizada para a produção de biodiesel, no entanto, não está sendo tirada do consumidor, mas movimentando um setor extra da economia.

Na lógica do governo, a interrupção do ciclo de mistura derruba o preço dos alimentos e reduz a pressão inflacionária. Uma visão equivocada.

O menor esmagamento de soja vai gerar menos farelo, este sim muito importante para manter o custo de produção das proteínas, que têm grande peso na inflação.

Com recorde sobre recorde, a produção de carnes precisará de 19,5 milhões de toneladas de farelo neste ano, 4% a mais do que em 2024.

A produção nacional de óleo de soja sobe para 11,45 milhões de toneladas, um cálculo feito pela Abiove considerando o aumento de mistura do biodiesel ao diesel de 15%.

O quadro de oferta e de consumo deste ano é mais favorável do que o do ano passado. Os estoques finais de óleo em 2025 devem atingir 225 mil toneladas no Brasil, 29% a mais do que os de 2024, segundo números da Abiove.

Esse novo cenário do mercado do óleo de soja já chega ao bolso do consumidor. Os preços da soja caem na região Centro-Oeste, principal produtora da oleaginosa no país, e refletem sobre o óleo, que recuou 2% no acumulado dos últimos 30 dias nos supermercados de São Paulo, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

A alta do óleo de soja, que chegou a acumular 164% no governo de Jair Bolsonaro, caiu 28% no primeiro ano de Luis Inácio Lula da Silva. Voltou a subir 37% no ano passado para o consumidor, mas começa 2025 em queda.

O aumento é um problema conjuntural e, com a oferta abundante de soja neste ano, a pressão será menor. O peso que o derivado da soja ainda provoca no custo do diesel vai diminuir com o avanço da safra de 170 milhões de toneladas que o país está colhendo.

Além disso, ao reduzir a mistura, está sendo desconsiderado o efeito da sustentabilidade maior do derivado da soja na cadeia energética (Folha, 20/2/25)

Compartilhar:

Artigos Relacionados

Central de Atendimento

Contato: André Bacarin

    Acesse o mapa para ver nossa localização