Valor é 2,4% maior do que o registrado em 2023. Anúncio foi feito por comunicado, sem coletiva de imprensa, em função de incidente com helicóptero.
A Agrishow confirmou que a edição 2024 da maior feira de tecnologia agrícola do país movimentou R$ 13,6 bilhões em intenções de negócios, com um crescimento de 2,4% na comparação com o registrado em 2023. Entre as instituições financeiras participantes, o Banco do Brasil confirmou concessão recorde de linhas de crédito.
O anúncio foi feito em comunicado enviado pela direção da feira no início da tarde desta sexta-feira (3), sem coletiva de imprensa, cancelada, segundo a organização, por respeito a familiares das vítimas feridas após um incidente com um helicóptero que derrubou a estrutura de um estande esta semana.
Com 520 mil metros quadrados e 800 estandes, o evento com quase três décadas em Ribeirão Preto (SP) recebeu 195 mil pessoas durante cinco dias, de pequenos, médios e grandes produtores brasileiros a representantes de empresas internacionais.
“Já estive aqui muitas vezes, e agora quero ampliar o que estamos fazendo. É uma ótima oportunidade para fazer um grande teste, como esses equipamentos são usados, como são perfeitos para nós [no Senegal] e como os agricultores vão ser beneficiados”, afirmou o senegalês Assane Toure, diretor-geral da Agripro Africa, em visita ao interior de São Paulo.
Visitantes como ele ajudaram a movimentar, nas rodadas realizadas pela Abimaq, US$ 49 milhões (R$ 248,5 milhões), sendo US$ 39,6 milhões (R$ 200,8 milhões) em intenções e US$ 9 milhões (R$ 45,6 milhões) em negócios efetivamente firmados. Angola, África do Sul, Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru, México e Turquia foram alguns dos países representados.
“Fomos convidados para a Agrishow e achamos que seria uma boa ideia, pois conseguiríamos mais informações sobre reuniões locais e tecnologia, poderíamos tentar encontrar novos parceiros e providenciar maquinários, ou comprar sementes ou tecnologia, por exemplo”, afirma Abdullah Ibrahim, CEO da Westanbul, companhia especializada em reprodução animal da Turquia.
De acordo com os organizadores, em 2025 a Agrishow deve acontecer entre 28 de abril e 2 de maio.
Vitrine de negócios e de tecnologia
Considerada uma das maiores feiras a céu aberto do mundo voltadas para o agronegócio, a Agrishow não só é um termômetro da atividade econômica do país como uma vitrine do que há de mais novo em termos de tecnologia do campo, da agricultura à pecuária.
Além de grandes colheitadeiras, plantadeiras e tratores de última geração – inclusive com modelos movidos a eletricidade – o evento levou ao público inovações no mundo dos robôs e dos drones, com cada vez mais aplicações na lavoura e funcionalidades como maior capacidade de carga e comando à distância.
“Se você olhar o mercado como um todo, diversos setores, muitas máquinas e aeronaves estão indo para esse caminho tecnológico. Você pega maquinários, até falando de setores de tratores, maquinários de mineração, muitos estão indo para essa parte de piloto remoto. Essa é uma tendência de mercado, vai trazer muita economia de custo”, disse Adriano Buzaid, CEO da Gohobby.
Sistemas de monitoramento com uso de inteligência artificial também foram apresentados como soluções para irrigação, pulverização e controle de pragas. Muitas delas voltadas não só para facilitar a vida dos produtores rurais como para reduzir custos de cultivo e colheita.
Participando pelo quinto ano da feira, a Grunner apresentou um novo modelo de caminhão adaptado para retirada de cana-de-açúcar que entrega 50% de economia no consumo de combustíveis. A empresa, com sede em Lençóis Paulista (SP), estima que fechou esta edição da Agrishow com um aumento de 7% nos contratos, que somam em torno de R$ 90 milhões.
“A feira é mais do que uma vitrine tecnológica, é uma oportunidade de encontrar os clientes, de conexão, de networking entre as pessoas, os fornecedores, o mercado financeiro, o governo. (…) Neste ano, a gente resolveu focar muito mais em inovação, tecnologia e sustentabilidade”, disse Dênis Arroyo, CEO da empresa.
Resultado positivo
Antes da realização da feira, a direção citava como problemas que poderiam afetar os negócios questões como a baixa nos preços das commodities no mercado internacional, secas severas em algumas regiões do Brasil, elevadas taxas de juros e ausência de recursos do atual Plano Safra – já que o próximo só deve ser anunciado entre este mês e junho.
Além disso, o faturamento geral do segmento de máquinas agrícolas no primeiro trimestre ainda segue em queda, de 35%.
Apesar disso, os números deste ano da Agrishow superam os do ano passado, quando as intenções de negócio até o último dia chegavam a R$ 13,2 bilhões.
Instituições financeiras participantes da feira consultados pelo g1 confirmaram que já haviam batido as metas de concessão de linhas de crédito até esta sexta-feira (3). O Banco do Brasil confirmou R$ 3,2 bilhões em propostas acolhidas, um volume que não só superou as expectativas como é considerado recorde desde a primeira edição da feira (G1, 3/5/24)