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Agrishow, 30, mais do que nunca, será termômetro do agro nacional em 2024

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Por Marcelo Toledo
Feira agrícola que será aberta ao público nesta segunda (29) ocorre em meio a incerteza gerada após evento em Rio Verde negociar quase R$ 2 bi a menos.

Principal feira do agronegócio brasileiro, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) será aberta ao público nesta segunda-feira (29) para, mais do que nunca, servir como um termômetro do agro nacional.

A feira realizada em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) há 30 anos historicamente é palco dos modernos lançamentos de máquinas e implementos agrícolas das grandes marcas, mas neste ano terá como componente essencial em sua realização o momento vivido pelo agronegócio no país.

Após apresentar sucessivas altas nos últimos anos, os preços de algumas commodities estão em baixa e há o risco de quebra de safra em algumas culturas. Por isso, o desafio é ao menos manter em sua 29ª edição as intenções de negócios geradas em 2023: R$ 13,29 bilhões (R$ 13,73 bilhões, atualizados pela inflação), recorde na história de feiras agrícolas no país.

Integrantes da organização do evento costumam dizer que, “se a Agrishow vai bem, o ano será bom”, o que também significa que, em anos em que a feira apresentou desempenho ruim, isso se refletiu pelo agro no decorrer dos respectivos anos.

“Nós estamos vivendo alguns momentos de fatores climáticos, questão de preços das commodities, mas isso faz parte do negócio, faz parte do ciclo da agricultura, da pecuária e do agronegócio. O agricultor já está acostumado com isso, não é a primeira vez, não será a última vez. O importante é que o agronegócio não olha para trás, também não fica chorando as mágoas”, afirmou João Carlos Marchesan, presidente da Agrishow.

Além disso, a feira mudou a data de abertura, que neste ano ocorrerá neste domingo (28), restrita a autoridades, expositores e imprensa. Assim, evitará a saia-justa em que a própria feira se colocou no ano passado, quando gerou mal-estar com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que se sentiu “desconvidado” ao ser informado que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria na cerimônia inaugural.

A previsão é que a feira receba cerca de 200 mil visitantes até sexta-feira para conhecer as 800 marcas que estarão expostas nos mais de 25 quilômetros de ruas que abrigam a feira em Ribeirão, num cenário muito diferente do registrado em 1994, quando 120 expositores participaram da primeira Agrishow. O que não mudou foi o endereço, já que a feira sempre ocorreu numa fazenda do governo paulista às margens da rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, no km 321.

AS INCERTEZAS

O ano começou promissor para as principais feiras do agro, mas os negócios abaixo do resultado do ano passado gerados na Tecnoshow Comigo, a maior do Centro-Oeste brasileiro, evidenciaram um temor que rondava o setor.

Encerrada no último dia 12 em Rio Verde (GO), a Tecnoshow teve movimentação de R$ 9,34 bilhões em negócios em sua 21ª edição, com 135 mil visitantes, abaixo dos R$ 11,1 bilhões do ano passado (R$ 11,42 bilhões, atualizados).

Antes dela, a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), e a Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), anunciaram resultados melhores que os obtidos nas edições do ano passado.

Enquanto a feira na cidade gaúcha informou ter gerado R$ 7,92 bilhões (ante R$ 7,3 bilhões, em valores atualizados, em 2023), o evento paranaense negociou R$ 6,1 bilhões (R$ 5,23 bilhões no ano passado, atualizados).

Os dois resultados, porém, contrastam com as previsões da indústria de máquinas para 2024. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta que serão vendidos 54,3 mil tratores e colheitadeiras neste ano, resultado que, se confirmado, configurará a segunda queda seguida no setor.

Depois das 70.262 unidades negociadas em 2022, ano de recorde histórico, o setor comercializou 60.981 colheitadeiras e tratores no ano passado, redução de 13,2%.

“Estamos em um período conjunturalmente não tão bom. Nós tivemos uma seca muito severa este ano. E as commodities têm um ciclo de alta e de baixa, nós estamos num ciclo de baixa”, disse Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

Para a Agrishow, porém, o próprio presidente do conselho de administração da Comigo, Antônio Chavaglia, vê um alento.

Na coletiva de apresentação da Tecnoshow, ele afirmou que a Agrishow tem um diferencial em relação a outros eventos, como a própria feira que a cooperativa que preside realiza.

“Ribeirão Preto é referência nacional, internacional, e tem uma grande diferença, que é a cana. Quem planta cana continua tendo rentabilidade quase o dobro da soja. A cana não caiu de preço, ela manteve o preço. [Historicamente] A cana sempre esteve mais ou menos o preço da soja, só que a soja hoje está em R$ 100 e a cana está R$ 180”, disse.

O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), afirmou que a decisão da organização da feira de antecipar a abertura foi “bastante acertada”, para evitar tumultos.

A Agrishow é organizada por Abimaq, Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), Faesp (Federação da Agricultura e da Pecuária de SP) e SRB (Sociedade Rural Brasileira) (Folha, 29/4/24)


Maior feira agrícola da América começa sem público; portões abrem hoje (29)

Considerada a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, a Agrishow começa no domingo (28), em Ribeirão Preto (SP), com um público restrito: apenas autoridades e expositores estarão na abertura.

Depois do mal-estar na edição passada, em que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, se sentiu “desconvidado” e não apareceu e o ex-presidente da República Jair Bolsonaro foi aclamado pelo público, os organizadores decidiram inovar, antecipando a inauguração para o domingo, com abertura dos portões para os visitantes apenas na segunda-feira (29). A feira vai até o dia 3 de maio (sexta-feira) e deve reunir um público de mais de 195 mil pessoas.

Deixando de lado as questões políticas, o evento é o maior do agro em termos de negócios. Na edição de 2024, a organização prevê ao menos repetir os resultados do ano passado, quando o faturamento foi de R$ 13,3 bilhões. A cautela se deve à quebra de produção da safra de grãos em 2023/24 e aos preços mais baixos de soja e milho.

Mas a avaliação é a de que, ainda que menos capitalizados, produtores brasileiros tendem a manter os investimentos, até mesmo para fazer frente a ciclos de rentabilidade mais baixa, como o atual. Em entrevista no início de abril, o presidente da feira, João Carlos Marchesan, citou o aumento de expositores como um sinal dessa aposta: nesta edição mais 100 expositores se juntarão aos 700 da feira anterior.

Entre os novos participantes estará, por exemplo, a Addiante, joint venture da Gerdau e RandonCorp, de locação de máquinas pesadas, que busca fortalecer a presença da marca no setor agropecuário, que hoje representa 30% dos seus negócios. Também estreante, a fabricante de robôs Yaskawa Motoman aposta na demanda do campo por robotização, e apresentará ao setor seu serviço de automatização de solda para fabricantes de máquinas e implementos agrícolas. O plano da empresa japonesa é crescer sua fatia de faturamento no setor, hoje em 10%, para 30% do total nos próximos cinco anos.

Tradicionalmente uma feira de tecnologia agrícola, de equipamentos e máquinas, a Agrishow 2024 também deve reverberar notícias recentes de Brasília, como a aprovação, na terça-feira passada (23), pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex), da proposta de criação de cotas de importação para determinados itens da siderurgia. A importação desses produtos específicos dentro da cota não altera as alíquotas em vigor. Fora da cota, a taxa de importação vai a 25%, por prazo determinado.

Entidades do setor agropecuário acreditam que tal decisão pode encarecer máquinas e silos agrícolas, pressionando ainda mais as vendas em um ano que já tem expectativa de recuo de 15% na comercialização de tais equipamentos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

No mesmo dia da aprovação da proposta sobre cotas, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), foi taxativo: “Aumento de imposto de importação às vésperas da Agrishow prejudica as vendas do setor”, afirmou.

Mas as empresas do setor mostram otimismo. Ao Broadcast Agro no início da semana, a Kepler Weber, empresa líder em armazenagem de grãos no Brasil, previu vendas aquecidas na Agrishow. “O silo mais caro é aquele que o agricultor não tem”, resumiu o CEO, Bernardo Nogueira. “O produtor sabe que a eficiência dele depende de unidades de beneficiamento e armazenagem de grãos.”

Entre as fabricantes de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, a John Deere, uma das líderes no setor, admite um recuo nas vendas, mas “pouco significativo”. E a New Holland segue apostando na modalidade de consórcios para a feira, que durante 2023 movimentou R$ 1,3 bilhão, enquanto a Massey Ferguson crê que culturas como cana-de-açúcar, café e hortifrútis devam recompensar o menor apetite de produtores de grãos.

No setor de insumos, a Syngenta, de proteção de cultivos, chega à feira com uma novidade: tecnologia de Inteligência Artificial (IA). A Bayer também aposta em lançamentos de tecnologias que incluem uma IA feita em parceria com a Microsoft, com foco em aumentar a produtividade do agricultor em um ano atípico. Já a Corteva está investindo em inovações em sementes, proteção de cultivos e biológicos, enquanto a Yara terá seu foco em nutrição de plantas.

Para atender ao setor interessado em investir, os grandes bancos sinalizam que não faltará crédito. Entre as cooperativas de crédito, a Credicitrus tem expectativa de movimentar R$ 400 milhões em volume de negócios, 15% a mais do que em 2023. O Santander aposta, para a Agrishow, em taxas de administração de consórcio a partir de 12,9% e na possibilidade de oferecimento de crédito com taxas pós-fixadas para agricultores que não podem esperar o novo Plano Safra, que deve ser lançado até junho (Broadcast, 26/4/24)


Mundo dos tratores abre espaço para carro voador, robô e drones em feira agrícola

A multinacional brasileira Jacto entrou no segmento de drones e exige lançamentos na Agrishow, em Ribeirão Preto – Divulgação
Equipamentos de última geração são lançados na Agrishow, em Ribeirão Preto, e disputam mercado com maquinário convencional para o campo.

Por Marcelo Toledo

Setor que outrora era predominantemente dominado por tratores, colheitadeiras e implementos, o agronegócio agora divide o espaço no campo também com equipamentos como drones, robôs e aviões agrícolas, mas até mesmo um carro voador estará exposto na Agrishow, principal referência em tecnologia agrícola no país.

A feira, sediada em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) é palco do lançamento neste ano de modelos de drones e exibirá, pela primeira vez, um exemplar de carro voador.

A Gohobby apresentará o eVTOL 216-S da fabricante chinesa EHang, popularmente conhecido como carro voador, que foi importado pela empresa no fim do ano passado. Além de voar, como o nome sugere, o modelo também tem como característica não precisar de piloto.

O modelo transporta até duas pessoas e bagagem de mão, com carga útil total de 220 quilos, alcance de 30 quilômetros e velocidade máxima de 130 quilômetros por hora. O piloto não voa na aeronave, que é controlada remotamente. O equipamento utiliza 12 baterias independentes e 16 motores.

Já a multinacional brasileira Jacto anunciou a entrada da empresa na produção de drones agrícolas, com equipamentos para pulverização, dispersão de fertilizantes, sementes, produtos microbiológicos e químicos, além de equipamento para produzir imagens aéreas.

O lançamento é fruto de uma parceria com a DJI, e a empresa afirmou que os drones se tornaram ferramentas importantes para a gestão agrícola.

Um dos equipamentos lançados, o drone de imageamento Mavic 3M, possui câmera para calcular índices vegetativos que indicam e medem a saúde das plantas, a regularidade do crescimento das lavouras e a densidade de plantas na região analisada. A Gohobby também atua com esse equipamento.

No ar também está o modelo que a EAVision lança na Agrishow: um drone que integra sistemas de pulverização, elevação de carga e mapeamento geográfico, com 60 litros de capacidade e que desvia de obstáculos em tempo real controlado por inteligência artificial.

Segundo a empresa, o equipamento –que tem condições de pulverizar até 24 hectares por hora– detecta de forma automática obstáculos que tenham a partir de um centímetro de diâmetro.

A feira em Ribeirão também foi escolhida pela Solinftec para anunciar os primeiros resultados com seu robô Solix, utilizado em lavouras e canaviais do país.
A empresa, que é especializada em soluções de inteligência artificial, lançou comercialmente o robô há um ano. Ele atua diretamente no campo e, por meio da inteligência artificial, monitora cada pedaço dos talhões, adaptando-se às condições encontradas.

Segundo a Solinftec, foi possível reduzir em mais de 90% o uso de herbicidas em fase de pós-emergência em lavouras de grãos e em 45% nas aplicações, na mesma situação, em canaviais, além de eliminar pragas.”O sistema de reconhecimento por inteligência artificial do Solix permite que ele identifique, cheque e realize aplicações localizadas”, disse o diretor de operações robóticas da empresa, Bruno Pavão.

COLAR EM BOIS

As novidades tecnológicas apresentadas na Agrishow deste ano incluem ainda a apresentação de um sistema de monitoramento de bovinos por meio de coleiras com geolocalização.

A Belgo Arames investiu R$ 1,5 milhão na Instabov para impulsionar o desenvolvimento do sistema. Por meio dela, é possível identificar comportamentos –como número de passos e deslocamento diário– e identificar mudanças de hábitos que possam representar problemas sanitários ou reprodutivos. O controle é feito via smartphone.

Segundo a Belgo, o sistema inclui uma antena instalada na propriedade, com alcance de 10 quilômetros, suficiente para abranger cerca de 31 mil hectares.

Ela capta os sinais digitais emitidos por coleiras colocados nos bovinos, com atualizações a cada dez minutos.
A expectativa da Belgo Arames é comercializar 20 mil colares no país neste ano e, em dois anos, a startup quer chegar a outros países sul-americanos, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.

TRATORES

Embora os tratores hoje dividam espaço com os avanços tecnológicos que chegaram ao agronegócio, entre as 800 marcas expostas na feira agrícola estão dezenas de fabricantes de tratores.

Uma delas é a a chinesa YTO, pela primeira vez na Agrishow, junto com a BDG Máquinas. A fabricante apresentará de tratores compactos, com 24 cavalos de potência, a máquinas com 240 cavalos.

A aposta da empresa é brigar por um mercado de melhor custo-benefício na compra e baixo custo de manutenção.

Já a Agritech, pioneira no país ao produzir máquinas para a agricultura familiar, lança dois tratores na Agrishow, ambos de 75 cavalos, nas versões compacta e agrícola.

Ele é indicado, segundo a fabricante, para o preparo de solo, para atender pequenas e médias propriedades.
A Yanmar, multinacional japonesa, tem como destaque o lançamento do trator Solis 105, que marca a entrada da empresa no comércio de máquinas acima de 100 cavalos de potência.

A empresa afirma que o objetivo é fazer com que todos os produtores, independentemente do tamanho de sua propriedade, tenham acesso a equipamentos modernos e com alta performance.
A Colombo, que tem fábrica em Pindorama, no interior paulista, apresenta como destaque uma máquina multiculturas e também está expondo uma colhedora de feijão desenvolvida para o mercado norte-americano (Folha, 29/4/24)

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