Brasil aumenta volume exportado de commodities, mas preços externos mantêm queda.
As exportações brasileiras do agronegócio voltaram a mostrar um ritmo acelerado no mês passado, conforme os dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
O ritmo é bom, mas os preços continuam bastante deprimidos. O açúcar, no entanto, foge dessa tendência dos demais produtos e se destaca porque tem aumento de volume e de preços neste primeiro bimestre do ano.
Preço e demanda internacionais aquecidos trouxeram para o Brasil receitas de US$ 3,3 bilhões em janeiro e fevereiro com o açúcar. O país jamais tinha alcançado um valor tão elevado neste período do ano com exportações. O valor supera em 131% o de janeiro e fevereiro de 2023.
A soja, com a antecipação da colheita neste ano, devido à seca, aumentou o volume exportado em 62% e obteve receitas de US$ 4,4 bilhões. Esse valor poderia ser bem maior, não fosse o preço médio da tonelada exportada ter caído 18% no mercado externo neste primeiro bimestre, segundo a Secex.
O milho, após o recorde de exportação do ano passado, perdeu ritmo, e o volume de vendas caiu 22%. Somada a retração de 20% nos preços médios internacionais no bimestre, as receitas recuaram para US$ 1,54 bilhão, 37% a menos do que as de igual período de 2023.
A dobradinha milho e soja não vão obter neste ano os mesmos recordes de 2023. No caso do milho, o pais exportou 56 milhões de toneladas porque obteve uma safra recorde. Na safrinha, mantidas as más condições climáticas já verificadas até agora, a produtividade cairá.
Os dados de colheita da soja já indicam uma situação de produção bem diferente do que se imaginava inicialmente. À exceção do Rio Grande do Sul, os principais estados produtores vão obter safra menor da oleaginosa. O volume deverá ficar próximo dos 145 milhões de toneladas.
Soja, açúcar e milho foram responsáveis por US$ 83 bilhões das receitas com exportações do país no ano passado, 50% do total obtido pelo Brasil. As exportações de soja atingiram 102 milhões de toneladas.
Neste ano, esses produtos perdem receitas, devido ao menor volume interno disponível e a preços externos menores, interrompendo um ciclo de alta das receitas com exportações.
O Brasil mantém ainda uma evolução nas exportações de farelo de soja. Neste ano, elevou em 30% o volume comercializado, mas os preços externos recuaram 9% no bimestre.
Com a nova safra de soja da Argentina, que aparenta ser normal, o Brasil deverá disputar mercado com um tradicional exportador de farelo.
As carnes seguem o ritmo dos demais produtos, com aumento de volume mas queda de preços. A bovina rendeu US$ 1,6 bilhão no ano, devido ao aumento de volume exportado, mas os preços externos recuaram 7%.
Entre os insumos importados, os fertilizantes fizeram o Brasil despender US$ 1,4 bilhão neste ano, um valor 30% inferior ao do ano passado. A queda acumulada no primeiro bimestre nos preços internacionais é de 32% (Folha, 7/3/24)