A Tendências Consultoria trabalha com a perspectiva de que o Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário do Brasil tenha crescimento próximo a 0% em 2024. A consultoria antes tinha a previsão de que a alta seria de 0,9%, mas agora vai revisá-la, como relatou a economista Gabriela Faria, analista da Tendências Consultoria, ao Broadcast Agro.
A economista destaca o impacto de safras menores de soja e milho, assim como uma concorrência maior da produção de outros países, o que também tende a reduzir a procura pelo grão brasileiro. “O ano de 2024 é um cenário completamente inverso ao de 2023. O El Niño afetou bastante a produção de soja e de milho, assim como outras culturas vão crescer menos do que poderiam”, disse.
Com as safras menores de milho e soja já definidas, a pecuária poderá ser um fator decisivo para o desempenho do PIB agropecuário em 2024. A Tendências trabalha com a projeção de que o setor teve crescimento de 13,2% no ano passado e estima que a expansão deva ficar em 2%. “Se a pecuária vier mais negativa do que estamos esperando, aí podemos ter uma revisão do PIB ainda mais para baixo”, explicou Faria.
O desempenho da pecuária, na visão da analista, vai depender do poder de compra das famílias, assim como do nível de exportação. “Até agora, neste ano, as importações chinesas desaceleraram para carnes. Se isso continuar, pode afetar o PIB agropecuário”, comentou (Broadcast, 1/3/24)
CNA: Estimativa de queda de 0,5% a 1% no PIB da agropecuária em 2024
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê queda de 0,5% a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária neste ano, ante crescimento de 15,1% em 2023. A estimativa da entidade é preliminar e deve ser revisada após os resultados anuais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
“O recuo será muito em virtude da produção menor de grãos, além do impacto do aumento no consumo intermediário, que pressiona os custos de produção”, disse o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, ao Broadcast Agro.
Os grãos representam a maior fatia do desempenho da agropecuária e, portanto, variações na produção afetam o resultado geral do setor. Para o PIB nacional, a CNA projeta, em estimativa preliminar, crescimento de 1,7% neste ano, número que também será revisado posteriormente.
A CNA avalia que o crescimento de 15,1% do PIB da agropecuária no ano passado foi “bom”. Segundo os cálculos da confederação, a agropecuária respondeu por 44% do crescimento do PIB Brasil. “Se não fosse o PIB da agropecuária, o Brasil teria crescido apenas 1,6% ante 2,9% do resultado obtido”, avaliou Conchon.
O crescimento do PIB do agro deve-se sobretudo à maior produção de soja e milho, com avanço de 27,1% da soja, 22% do milho segunda safra e 16,3% do café arábica. “O resultado foi bastante positivo, sobretudo pelo aumento da produtividade”, apontou. Entre as contribuições negativas, a CNA destacou a queda de 22,8% do trigo e 7,4% da laranja, acompanhando as menores safras.
Participação
Com o desempenho do PIB Agro muito acima do crescimento nacional, a agropecuária aumentou sua participação no resultado do País de 6,8% em 2022 para 7,2% no último ano. “A alta na participação deve-se porque o agro cresceu muito mais que outros setores, enquanto outros setores perderam participação e até deixaram de crescer, como a indústria da transformação”, avaliou Conchon.
Neste ano, com a previsão de queda do PIB agro diante do avanço do PIB nacional, o setor deve diminuir sua participação no Produto Interno Bruto do País. A estimativa preliminar da confederação é de que a participação do setor volte ao patamar histórico entre 6,5% e 7%.
“Imaginamos que neste ano o PIB Brasil deve crescer em porcentual maior que o PIB agro. Portanto, o aumento da participação de 2023 deverá ser devolvido em 2024”, comentou Conchon. Ele avalia que o desempenho do PIB nacional deve ser puxado preliminarmente pela indústria ligada à cadeia do petróleo (Broadcast, 1/3/24)