Início das vendas em Cubatão ocorre após consolidação da comercialização do novo produto na Repar, desde 2022.
A Petrobras passará a comercializar em São Paulo seu diesel coprocessado com 5% de óleo vegetal a partir da primeira semana de março, por meio da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, informou a companhia em nota à imprensa nesta quinta-feira (29).
O chamado diesel coprocessado, ou diesel R, utiliza-se de rota tecnológica que permite a produção do combustível fóssil já com um percentual renovável. A redução das emissões associada à parcela renovável é de, ao menos, 60% em comparação com o diesel mineral, segundo a Petrobras.
O diesel R também não requer adaptação ou alteração nos motores para poder ser usado, destacou a empresa.
“Esse é mais um passo da Petrobras para aumentar a oferta do diesel com conteúdo renovável e atender ao mercado que busca soluções sustentáveis para a redução de suas emissões”, disse na nota o diretor de Comercialização, Logística e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser.
O início das vendas em Cubatão, informou a companhia, ocorre após “a consolidação” da comercialização do novo produto na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, desde 2022.
A companhia tem pleiteado junto ao governo a inclusão do diesel R no mandato de biocombustíveis do Brasil, em complementação ao mandato já existente para o biodiesel. Em declarações, executivos da companhia têm pontuando que o objetivo não é tomar o mercado de biodiesel e sim somar-se a ele.
A partir de 1º de março, a fatia obrigatória de biodiesel no diesel vendido nos postos do país será elevada de 12% para 14%.
Além da Repar, que já fazia a comercialização, e agora da RPBC, que fez a primeira venda, mais duas refinarias da Petrobras realizaram testes de produção de Diesel R5 no fim do ano passado, disse a petroleira.
A Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, recebeu adaptações em sua infraestrutura logística e em unidades de processo de hidrotratamento. A Refinaria de Paulínia (Replan), também em São Paulo, realizou o primeiro teste e está ultimando os ajustes de infraestrutura logística e apta à produção.
VENDAS DE DIESEL SOBEM 11,7% E TÊM RECORDE PARA JANEIRO, DIZ ANP
As vendas de diesel por distribuidoras no Brasil cresceram 11,7% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2023, a 5,07 bilhões de litros, segundo dados da reguladora ANP, que mostram ainda que o volume alcançou o maior nível para o período desde o início de série histórica do órgão, em 2000.
O resultado provavelmente reflete um avanço expressivo das exportações de alguns produtos agrícolas, com destaque no açúcar e algodão, fator que garantiu um aumento da demanda por fretes ao longo do período, dentre outros fatores, disse à Reuters o analista de mercado da consultoria StoneX Bruno Cordeiro.
“Ademais, a perspectiva de um desempenho econômico positivo e boas safras agrícolas também deve favorecer um aumento do consumo do combustível ao longo dos próximos meses”, destacou o especialista.
A StoneX estima atualmente uma demanda anual de 66 bilhões de litros em 2024, alta de 0,9% frente ao observado no ano passado, destacou ele.
Já as vendas de gasolina somaram 3,66 bilhões de litros, queda de 2,6% ante o mesmo mês de 2023, mostraram os dados, como reflexo da competitividade do etanol hidratado frente ao combustível fóssil nas bombas, nos principais Estados consumidores de Ciclo Otto.
Dessa forma, as vendas de etanol hidratado saltaram 64,1% em janeiro, ante o mesmo mês do ano passado, a 1,73 bilhão de litros.
“Vale destacar que, em janeiro de 2023, a paridade de preços acabava beneficiando em grande medida a demanda pela gasolina C, fator que se inverteu a partir do segundo semestre do ano passado e se mantém até o momento”, disse Cordeiro.
Apesar da queda da gasolina no comparativo anual, o consumo de Ciclo Otto –considerando gasolina C e etanol hidratado– cresceu, totalizando 4,87 bilhões de litros, “muito em conta da expansão da demanda pelo biocombustível”, completou Cordeiro (Folha, 1/3/24)