Em viagem à Europa, governador oferece projetos bilionários e dá ênfase a iniciativas sustentáveis.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que investidores europeus estão “tranquilos” e veem “estabilidade e segurança jurídica” no Brasil, o que favorece potenciais negócios sustentáveis na área de mobilidade.
O chefe do Executivo paulista viaja pela Europa em busca de parcerias privadas para projetos de concessões e privatizações —de rodovias, trens e metrô, transporte aquático, escolas, loterias estaduais e parques urbanos— com a sustentabilidade entre os pilares de ação.
Tarcísio já faz balanço positivo das reuniões. No portfólio de projetos a que a Folha teve acesso, a questão ambiental aparece logo nas primeiras páginas. O Estado é apresentado como impulsionador do “maior e mais diversificado” mercado de economia verde do país, e o conceito ESG, como parte da agenda de desenvolvimento para o crescimento sustentável.
De acordo com o governador, o tema é inerente às propostas, e os investidores europeus conhecem regras como concessões de rodovias do tipo “carbono zero”, em que a operadora tem a responsabilidade de neutralizar emissões.
“Já faz parte do modelo, e todos esses investidores têm trabalho de plantio compensatório e certificação”, disse Tarcísio à reportagem.
O roadshow começou por Madri, com conversas sobre mobilidade urbana, na segunda-feira (5). No dia seguinte, Tarcísio passou o dia em Milão, onde encontrou empresários dos setores de rodovias e de construção de metrôs.
O governador seguiu para Paris na última etapa do roadshow por Espanha, Itália e França.
No cardápio do governo paulista, estão cerca de 20 projetos de concessões. Segundo Tarcísio, está mantida a meta de realizar 13 leilões neste ano. O governo estima realizar 44 leilões até 2026 e atrair mais de R$ 220 bilhões.
No dia 29 de fevereiro, está previsto o leilão do TIC (Trem Intercidades) entre São Paulo e Campinas. E o do TIC que liga a capital a Sorocaba está em fase de estruturação.
“Precisamos trazer mais players de mobilidade, mais gente para operar trilhos, metrôs e trens urbanos”, disse o governador à Folha. “São projetos de grande porte, e nós precisamos de operadores que tenham condições de tocá-los.”
Para este ano, estão ainda na agenda concessões e privatizações envolvendo a Sabesp, a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), trechos de rodovias litorâneas e da Raposo Tavares, três linhas da CPTM, além do túnel submerso entre Santos e Guarujá, em parceria com o governo federal.
Para o túnel Santos-Guarujá, são ao menos quatro os possíveis investidores.
Na Espanha, a Acciona está envolvida na obra do túnel da baía de Sidney, na Austrália, e a Sacyr também tem experiência. Na Itália, um candidato é o grupo Gavio. Em Paris, Tarcísio tem encontro marcado com a holandesa Tec Tunnel.
Várias das empresas já têm contratos com o governo de São Paulo, caso da Acciona, responsável pela construção da linha 6-laranja do metrô, e da italiana Ghella, construtora da segunda fase da linha 2-verde.
Segundo Tarcísio, que foi ministro de Infraestrutura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a mudança no governo federal não faz parte dos temas levados pelos investidores estrangeiros às reuniões.
Em 2022, reportagem da Folhamostrou que investidores estavam desinteressados pelo país, por razões como a falta de investimentos do governo Bolsonaro em infraestrutura e indicadores de degradação ambiental na Amazônia.
“Eles estão tranquilos. Eles enxergam o Brasil como um país que tem estabilidade jurídica e regulatória. E sempre cito o exemplo da NovaDutra”, disse, em referência à concessão da rodovia, ocorrida pela primeira vez em 1995.
“Passaram governos de presidentes de linhas completamente diferentes, mas o contrato foi respeitado”, disse
Tarcísio e equipe foram para Paris, onde estão agendadas mais oito rodadas de conversas —a viagem à Europa deverá ter 13 reuniões no total, em cinco dias.
A comitiva inclui os secretários Rafael Benini (Parcerias em Investimentos) e Jorge Lima (Desenvolvimento Econômico) (Folha, 10/2/24)