O preço do frete terrestre para o escoamento da safra 2023/24 deve ser de 5% a 10% mais alto em relação ao ciclo 2022/23, estima o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log). De acordo com o pesquisador Fernando Bastiani, do Esalq-Log, apesar da quebra na safra de soja, a redução da produção não será tão expressiva e a demanda por transporte no auge da colheita tende a se concentrar e elevar os preços. “Devemos ter entre 3 milhões e 4 milhões de toneladas a menos de soja (em relação ao ciclo 2022/23), mas ainda assim será uma safra muito grande”, disse.
O pico da colheita de soja deve ocorrer em março, quando serão transportados os maiores volumes, mas o mercado de fretes deve começar a se aquecer mesmo na segunda metade de fevereiro, projeta Bastiani. Neste início de ano, o frete de Sorriso (MT) ao Porto de Miritituba (PA) já está acima do verificado em igual período do ano passado, cotado agora a R$ 280,43 por tonelada de soja, segundo a Esalq-Log. Em janeiro de 2023, o valor era de R$ 261,78 por tonelada, alta de 7,12%.
Já para a segunda metade do ano, o transporte de grãos tende a se desacelerar em função da previsão de safra menor de milho de inverno 2023/24. Nos últimos anos, o pico dos preços de frete da segunda safra, entre agosto e setembro, era maior do que o da colheita de verão, em março. Mas neste ano será o inverso, avalia.
Bastiani acrescenta que os valores mais baixos devem ser registrados no último trimestre de 2024. Neste ano, a tendência é de que o Brasil tenha uma “entressafra” de transporte de grãos, ao contrário do ano passado, quando os embarques foram contínuos. “Até agora, estamos exportando muito em função do estoque de passagem”, diz Bastiani. Mas a partir de outubro “os preços do frete devem cair bastante e voltar à sazonalidade típica desse período do ano”, afirmou.
O diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, lembra que o valor do frete terrestre é extremamente volátil, mas ele acredita que, na média, os preços devem ficar próximos aos do ano passado. Devido ao volume um pouco menor a ser transportado na safra 2023/24, será mais fácil escoar os grãos este ano, afirma. Para ele, a diminuição no ritmo de exportações no Arco Norte em função da seca do ano passado não deve se repetir em 2024.
A chegada das cargas até os portos do Sul e Sudeste também não deve ter tantos entraves como se viu no ano passado, por causa de intempéries. “É comum haver atrasos quando há muitos navios atracados ao mesmo tempo”, diz Ferreira. Ainda assim, ele projeta que os embarques ficarão, na média, dentro da normalidade. “Às vezes você escala vários navios para o mesmo porto, mas o Brasil está investindo em novos portos, a cada safra vem se preparando mais”, disse.
Frete marítimo
Para o frete marítimo, Debastiani, da Esalq-Log, diz que há tendência de redução no curto e no médio prazos, principalmente em função da menor volatilidade do preço internacional do petróleo e da menor demanda. Até o momento, os conflitos no Mar Vermelho não afetaram o fluxo do transporte de grãos, disse. Mas ele alerta que a intensificação dos conflitos pode provocar mudanças no cenário (Broadcast, 24/1/24)