Consultoria Céleres vê desafios nas margens, mas possibilidades de diversificação da renda.
O ano de 2024 será um período para cuidados com o caixa e acertos no planejamento. Os desafios, que começaram na safra de verão, vão persistir na safrinha.
O crescimento econômico mundial ainda é modesto, os juros estão elevados e o dólar valorizado. Tudo isso impõe desafios para uma retomada dos preços das commodities.
A avaliação é dos analistas da consultoria Céleres, que acreditam em mais um ano de preços menores, uma vez que a relação de estoques e de consumo está relativamente alta.
Os custos logísticos externos e internos pressionam em um momento de preços das commodities sem força para reação. Já o fator clima, bastante presente nesta safra, pode afetar a formação de estoques das tradings.
É um período de “tempestade quase perfeita”, afirmam. Apesar dos menores custos de produção, os desafios na construção das margens são grandes. Elas seguramente serão menores, podendo ficar abaixo da média histórica dos últimos 20 anos.
Apesar desses contratempos, a Céleres vê possibilidades nos negócios. O arrocho de renda e o aumento de inadimplência para uns poderão ser oportunidades de terras e fazendas colocadas à venda para outros.
É um período, no entanto, de menos aquisições e mais organização do modelo de negócios.
Os caminhos da segunda safra também poderão ser revistos, com uma diversificação de produção para culturas alternativas, como gergelim, girassol, sorgo e plantas de cobertura.
A opção por novas culturas ajudará na diversificação da renda.
Apesar da queda nos preços das commodities, o Brasil ainda tem vantagens competitivas, o que deverá levar o setor a obter, mais uma vez, um saldo positivo.
A produção do etanol de milho, um setor que vem crescendo em ritmo intenso, ainda deverá ser importante para investimentos. A queda nos preços do milho reduz os custos de produção do setor, mas, ao mesmo tempo, corta receitas com as vendas do combustível e dos derivados.
Os analistas da Céleres destacam também o amadurecimento do crédito privado no financiamento agrícola. A mudança se dá devido à maturação de títulos criados no início dos anos 2000 e de novos veículos de investimentos ligados ao setor.
Em 2024, o estoque de títulos financeiros e o patrimônio de fundos ligados ao agronegócio deverão atingir R$ 1 trilhão, preveem (Folha, 17/1/24)