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Crescimento do PIB: O que esperar para a economia em 2024

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Por Cláudio Gradilone

As expectativas dos economistas para o agronegócio, para a indústria e para os serviços no quarto trimestre e no ano que vem.

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2023 superou as expectativas mais otimistas do mercado. A mediana das expectativas era de uma redução de 0,2% na comparação com o trimestre anterior. A estimativa mais otimista era de uma variação nula. No entanto, o PIB entre julho e setembro cresceu 0,1% na comparação com o trimestre anterior. A soma dos produtos e serviços gerados na economia brasileira somou R$ 2,741 trilhões. E segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB está 7,2% acima do quarto trimestre de 2019, imediatamente anterior à pandemia.

Como esperado, o agronegócio apresentou o pior desempenho, com uma queda de 3,3% após cinco trimestres consecutivos de alta. No entanto, o desempenho da indústria e dos serviços surpreendeu positivamente. Os dois setores cresceram 0,6% no trimestre. A projeção para os serviços era de pouco acima de zero, mas o prognóstico para a indústria era de variação zero ou uma leve retração. Ambos os setores surpreenderam positivamente.

Como interpretar esse resultado? Segundo um relatório da MB Associados, dos economistas José Roberto Mendonça de Barros e Sergio Vale, “o resultado não muda o prognóstico desse ano, de 2,7%, tampouco o do ano que vem, que se mantém em 1,7%”. Segundo os economistas, “o sentido de desaceleração da economia permanece, com a indústria e os investimentos, especialmente, sentindo com mais intensidade o enfraquecimento da economia. ”

Paulo Silva, economista do Efi Bank, avalia que um dos sinais positivos para a economia é o setor externo. No terceiro trimestre, as importações caíram 2,14% e as exportações cresceram 3,95%. Na comparação anual, as importações caíram 6,14% e as exportações aumentaram 9,99%. “Esses movimentos reforçam nossas expetativas otimistas para o PIB”, diz Silva. “Entretanto, manteremos uma postura cautelosa quanto às tendências dos próximos meses e seu possível impacto na economia brasileira.”

Sem crise no agro

À primeira vista, a queda de 3,3% na produção do agronegócio indica um período tenebroso, mas o próprio IBGE descartou essa hipótese. Segundo o Instituto, a queda decorre de características do setor. A lavoura brasileira mais importante é a soja, cuja colheita é concentrada no primeiro semestre. Os dados do PIB comparam “um trimestre em que há um grande peso da soja com outro em que ela não pesa quase nada”, informou o comunicado. A queda no trimestre era esperada, mas 2023 está sendo um bom ano para a atividade. Na comparação anual, com o terceiro trimestre de 2022, a agropecuária avançou 8,8%.

Para Étore Sanchez e Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos, o desempenho da agricultura não deve ser lamentado. “Os dois primeiros trimestres registraram avanços expressivos e sustentaram um crescimento mais muito mais forte que o esperado”, avaliam. “Em termos relativos o resultado não foi tão ruim.” E, segundo João Savignon, da Kínitro Capital, a queda foi menor do que o esperado.

Desaceleração na indústria

O crescimento magro da indústria foi provocado pela desaceleração do setor de construção civil, cuja atividade recuou 3,8% no terceiro trimestre, após crescimentos fortes em 2021 e em 2022. No entanto, os juros altos, a taxa de ocupação reduzida e o aumento dos preços dos insumos cobraram um pedágio alto. No acumulado do ano, a construção recuou 0,9% frente ao mesmo período do ano anterior.

As indústrias extrativas e de transformação ficaram estáveis. Ambas apresentaram crescimentos de 0,1%. E as temperaturas não exatamente amenas, aliadas às chuvas abundantes (que não elevaram as tarifas de energia) fizeram o setor de eletricidade, gás, água e saneamento e gestão de resíduos crescer 3,6%. A indústria investiu menos. A Formação Bruta de Capital Fixo, que representa os investimentos, caiu 2,5% frente ao segundo trimestre. Foi a quarta queda consecutiva desse indicador, devido à política de juros elevados.

Seguros protegem os serviços

O setor de serviços, o mais importante para a economia, que representa 67% do PIB, cresceu 0,6% graças ao bom desempenho dos seguros e atividades financeiras, que cresceram 1,3%. Apesar do retrocesso da construção, os brasileiros e brasileiras serviram-se de imobiliárias, cuja atividade também cresceu 1,3%. Já o setor de transportes recuou 0,9% após oito trimestres de altas.

Savignon, da Kinitro, avalia que os serviços seguiram nas máximas históricas. “Isso refletiu sua maior resiliência, beneficiada pela elevação da renda das famílias no período”, avalia. Somente os serviços de transporte, armazenagem e correios recuaram devido ao fim do excesso de demanda provocada pelas grandes safras do primeiro semestre.

O que esperar para 2024

Agregado macroeconômico por excelência, o PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos na economia. E é o melhor indicador da temperatura da atividade econômica. Por isso, a análise dos resultados do terceiro trimestre permite não só saber o que está acontecendo, mas refinar as previsões para o que poderá ocorrer em 2024.

Segundo Savignon, o resultado desta terça-feira indica um “carry over” de 3,0% para o ano e de 0,3% para 2024. “Ou seja, se o PIB apresentar crescimento nulo no próximo trimestre, teremos uma alta de 3,0% no acumulado de 2023”, diz ele. Sanchez e Sousa, da Ativa, elevaram a projeção para o ano de 2,5% para 2,9%. E aumentaram a projeção para 2024 de um crescimento de 1,3% para 1,5%. Para eles, o resultado do ano que vem só não será melhor devido à retração dos investimentos. E Eduarda Schmidt, da Órama, prevê um crescimento de 1,6%, sem alteração (Forbes, 6/12/23)

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