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Lula vai ter paciência de aguentar uns trimestres de PIBinho?

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Por Vinicius Torres Freire

Economia crescerá bem neste 2023, mas deve vir um período de vacas magras antes da recuperação.

No meio da tarde desta terça-feira (5), manchete da Folha contava que o “Congresso resiste a atender Lula e a turbinar PAC com dinheiro de emendas”. Os parlamentares preferem acertar com os prefeitos umas obras minúsculas, que terminem rápido, antes da eleição de 2024, e que rendam logo um pequeno comício, uma foto politicamente instagramável.

Parlamentares acabam por picotar o escasso dinheiro reservado para investimentos. Assim, sobra ainda menos para obras maiores, do dito PAC, talvez de maior impacto, que poderiam resultar em melhoria da infraestrutura e da eficiência econômica, no médio prazo.

De resto, se tiverem bom projeto e execução, obras maiores podem estimular a economia um tanto mais —melhor ainda se também atraírem ou incentivarem investimento privado.

O investimento total do país em construções, instalações produtivas, máquinas, equipamentos, softwares etc. anda à míngua, caindo faz quatro trimestres, soubemos também nesta terça-feira pelo IBGE.

A parcela do PIB dedicada ao investimento está perto dos menores níveis do século, em 16,6%, no terceiro trimestre. Para o país andar, precisaria de pelo menos, muito por baixo, de 20% do PIB. Juros altos e incerteza tolhem as empresas.

O deputado, o leitorado e ainda menos o povo não dão a mínima para o PIB, abstração que interessa a economistas e a parte da (mínima) elite mais ilustrada.

As pessoas comuns já sentiram na carne como andou o PIB que lhes interessa. Uma estatística econômica agregada é notícia velha e incompreensível.

No entanto, a economia esfriando tem efeitos práticos, quem sabe políticos. O quarto trimestre deve ser também de quase estagnação. Mais alguém vai sofrer na carne com o PIBinho.

Além do mais, mesmo depois de um biênio de bom crescimento, o que não havia desde 2011, o sentimento social é de dor, frustração ou pasmaceira.

O PIB (renda) per capita de 2023 ainda é menor que o de 2013. Um desastre visível nas ruas cheias de desabrigados e zumbis sociais; doloroso de outro modo para quem foi jogado para fora ou para baixo da economia depois de tanto tempo de ruína.

Luiz Inácio Lula da Silva ficará impaciente e tentará um “milagre do crescimento”? Sob Antonio Palocci, Lula 1 esperou. Agora, parece achar que sabe como fazer a economia crescer, com seu toque, de uma hora para outra.

A taxa de investimento cai. Difícil que, em 2024, o consumo ou as exportações possam dar um novo impulso relevante ao crescimento. Que o número de pessoas empregadas e o salário médio cresçam como em 2023. Em tese, não haverá aumento expressivo do gasto em benefícios do Bolsa Família ou do INSS.

Precisamos de taxas de juros menores, o que depende de juros americanos e previsibilidade macroeconômica aqui dentro (perspectiva de controle do déficit e um Banco Central com a cabeça no lugar).

Mesmo assim, o nível do investimento depende do ânimo de empresas e empreendedores, um tanto insondável.

Precisamos também de um programa eficaz de obras públicas. Sabe-se lá o que vai ser: trabalhos importantes ficam pelo caminho, por inépcia de projeto ou erro burocrático, cacimbinhas são abandonadas, compram-se tratores sabe-se lá para quê, há falcatruas.

Poderia haver mais concessões de obras à iniciativa privada, mas tais planos andam devagar, quase parando.

Ansiosos por causa de uns trimestres fracos e, talvez, por pesquisas de opinião desfavoráveis, Lula e sua “ala política” vão querer forçar a barra, estourar o déficit para mandar “pau na máquina”?

Não vai prestar, nem no curtíssimo prazo, 2024. Com paciência, com “reformas”, que vão sendo feitas, com controle de gasto, pode haver um biênio final de governo melhor. Quem sabe até um 2024 melhor (Folha, 6/12/23)

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