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Cuidado ambiental é essencial para tornar o agro mais competitivo

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Por Eduardo Geraque

Roberto Rodrigues diz que Brasil tem grande oportunidade de liderar a produção de alimentos para abastecer o mundo.

Do alto dos seus 81 anos, o professor Roberto Rodrigues tem uma visão clara sobre o futuro do Brasil. Um dos grandes expoentes do agronegócio nacional – ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do primeiro governo Lula entre 2003 e 2006 –, ele afirma que o País não pode desperdiçar durante a próxima década a oportunidade de liderar a produção de alimentos em nível mundial.

De acordo com Rodrigues, que é professor emérito da Fundação Getulio Vargas (FGV) e colunista do Estadão, existem três fatores internos e um externo que colocam o Brasil na pole position do agronegócio mundial.

“Temos tecnologia, empreendedorismo e políticas públicas que na maior parte das vezes são adequadas. Além disso, a demanda no mercado externo vai continuar crescendo uma barbaridade. Esses quatro fatores vão perdurar ainda”, diz Rodrigues, personalidade homenageada durante o Seminário Agronegócio Lide Estadão, realizado na manhã do dia 10 de outubro na zona oeste de São Paulo.

A questão geográfica também joga a favor do agronegócio nacional, segundo Rodrigues. Todos os relatórios técnicos sobre a capacidade de produção de grãos no mundo apontam que a explosão das safras, mesmo com as mudanças climáticas batendo na porta dos países, tende a ocorrer no chamado cinturão tropical do planeta, que engloba a América Latina, a África subsaariana e parte da Ásia.

“E quem tem mais condições de liderar nesse caso?” indaga Rodrigues para logo em seguida completar: “Lá fora, os analistas dizem que em 10 anos a oferta mundial de comida vai precisar crescer 20% para que não falte comida para ninguém e, portanto, haja paz. Só que ninguém consegue crescer a produção nessa taxa. Estados Unidos está entre 9% a 10%. Comunidade Europeia atinge 12%. Mesmo a Oceania, China, Índia, Rússia e Ucrânia, além da Eurásia como um todo, não chegam próximo aos 20%. É a oportunidade que o Brasil tem de liderar o setor”, afirma.

No entanto, ser campeão mundial de produção de comida, de transição energética ou de soluções para as questões climáticas requer também colocar o meio ambiente como absolutamente prioritário, segundo o ex-ministro do governo Lula.

“Obter esses títulos significa um prêmio para a nossa nacionalidade e não apenas para a agricultura. A questão ambiental é essencialmente uma questão de competitividade. Sustentabilidade, ou você tem ou você não é competitivo”, afirma Rodrigues. A posição histórica do líder do agronegócio nacional sempre esteve ao lado da preservação.

A estratégia que o Brasil precisa ter, e implementar, deve incorporar vários subconjuntos, na visão do especialista brasileiro. O que significa cuidar da melhoria da logística, da infraestrutura, das políticas de renda, do seguro rural e de acordos comerciais internacionais que garantam o acesso a diferentes mercados. “É uma questão do Estado brasileiro, não é de governo. É a sociedade que precisa atuar. É preciso que tenhamos claro que o Brasil ser campeão mundial da segurança alimentar não é uma conquista do agro, é de todo mundo”, diz.

PIB do Agro deve chegar a 24% de todas as riquezas do País

Estimativas do setor dão conta que o PIB do Agronegócio deve bater os R$ 2,63 trilhões em 2023, o que deve significar 24% das riquezas do País, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP.

Segundo pesquisadores da USP, o resultado do agro está sendo sustentado sobretudo pelo desempenho de safra recorde no campo e pelo crescimento da produção pecuária.

O recuo dos preços explica o porquê de o desempenho do setor não ser ainda melhor. No campo, as cotações de algodão, café, milho, soja, trigo, tomate e cana-de-açúcar, boi gordo e do frango vivo caíram (Estadão, 18/10/23)

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