Por Pasquale Augusto
O etanol convive com um cenário de “superestoques”, com os preços do biocombustível em queda em meio a oferta elevada.
Além disso, a produção acumulada de açúcar está no maior patamar histórico para o período.
Dessa forma, na semana passada, compensava mais abastecer com o etanol do que a gasolina em seis estados (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo) e no Distrito Federal, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis)
De acordo com o analista de açúcar e etanol na StoneX, Marcelo Di Bonifácio, outubro não deve reservar um cenário muito diferente do atual.
“As usinas não querem segurar os estoques, mesmo que seja para resultar em maiores, já que isso não parece ser uma estratégia tão boa com as projeções apontando para um cenário similar na safra 24/25 (alta produtividade, moagem, mix açúcareiro e altos volumes de venda de etanol)”, explica.
Segundo Bonifácio, as usinas podem estar esperando o período de entressafra da cana-de-açúcar (dezembro a março) para resultar melhores preços. “Enquanto os ritmos de moagem seguirem elevados, as usinas terão dificuldade para elevar os preços”, completa.
Etanol aguarda Petrobras (PETR4)
O analista explica que será difícil vermos uma queda na paridade do etanol, em meio ao cenário já baixo para o biocombustível.
Por outro lado, existe um outro fator que pode entrar em jogo, em meio ao momento atual para o petróleo e a gasolina.
“Os preços elevados do petróleo no mercado internacional, acima dos US$ 90/barril, eleva a pressão para um reajuste nos preços da gasolina para Petrobras (PETR4). Em agosto, nós vimos um reajuste que favoreceu o etanol, mas essa pressão vem do lado político e do lado inflacionário”, explica.
Dessa maneira, Bonifácio enxerga um reajuste pela estatal como o único fator para uma queda na paridade do biocombustível no mês de outubro.
No entanto, não há certeza ou qualquer indicação se esse reajuste de fato vai acontecer.
“A estatal pode estar observando o cenário do etanol, ou seja, como você tem um maior estímulo ao consumo do biocombustível (e menor da gasolina), não há tanta necessidade de importar volumes maiores de gasolina”, finaliza.
Ainda nesta terça-feira (3), durante evento comemorativo de 70 anos da Petrobras, o presidente Jean Paul Prates disse que a estatal está avaliando um reajuste de preços do diesel e gasolina antes do fim do ano
“Nós estamos agora analisando a possibilidade ou não de outro reajuste até o fim do ano, mas a gente ainda não tem isso como um dado”, disse Prates (Money Times, 3/10/23)