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Grupo Jalles investe R$ 30 milhões na primeira usina de biogás em Goiás

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Resíduo hoje utilizado como fertilizante vai produzir bioeletricidade suficiente para abastecer uma cidade de 30 mil habitantes por ano. Grupo Jalles se torna pioneiro em Goiás na produção de biogás de cana-de-açúcar.

 Produzir biogás a partir de vinhaça – que também é chamada de vinhoto, tiborna ou restilo – resíduo da destilação do caldo de cana-de-açúcar. O Grupo Jalles Machado, com sede em Goianésia, município a cerca de 200 quilômetros em linha reta rumo ao norte do estado de Goiás, vai inaugurar nesta sexta-feira (29), a primeira unidade desse tipo de biocombustível. Nesta unidade, a empresa já produz açúcar, etanol e energia elétrica a partir da cana.

  O investimento de R$ 30 milhões da Jalles foi feito em parceria com a Albioma, empresa francesa especialista na geração de energia a partir da biomassa e que está no Brasil desde 2014. No ano passado, passou a atuar no país também no mercado de energia solar.

“Com essa planta de biogás, inovamos mais uma vez, trazendo para Goiás uma tecnologia para ampliar a geração de energia limpa, contribuindo com o meio ambiente”, diz Otávio Lage Filho, diretor-presidente da Jalles.

 Fundada em 1980, o negócio pertence ao grupo Otávio Lage, donos majoritários das empresas Planagri S.A. e Vera Cruz Agropecuária, mais as famílias Kinjo, Morais Ferrari, Jair Lage e Braoios. Na temporada 2022/23, a companhia processou 5,093 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Para a safra 2023/24, que começou em 1º de abril, a estimativa é de uma moagem de 7,302 milhões de toneladas.

 O investimento na planta de biogás faz parte de um pacote anunciado em 2021 de recursos da ordem de R$ 517,4 milhões nas unidades de Goianésia, na época, para aumentar a capacidade industrial em 1 milhão de toneladas de cana, passando de 5,3 milhões para 6,3 milhões de toneladas.

  Para Christiano Forman, diretor-presidente da Albioma00, o projeto “mostra as oportunidades comerciais significativas que existem num contexto de demanda crescente por combustíveis renováveis tanto no Brasil como globalmente”.

 Até agora, a vinhaça produzida na unidade da Jalles, em Goianésia, era utilizada como fertilizante. Na produção de etanol, para cada litro processado, são deixados para trás cerca de 13 litros de vinhaça.

 Adequada como adubo, por conter nutrientes como potássio, fósforo e nitrogênio, a vinhaça pode render ainda em um projeto de biogás. Isso porque, por possuir açúcares em sua composição, com o novo negócio, antes do líquido pastoso ir para o campo ele será enviado a um reator anaeróbio (um reservatório sem presença de oxigênio), onde será fonte de matéria orgânica para microrganismos. Desse processo são extraídos três tipos de biogás: metano, dióxido de carbono e sulfídrico. Esse biogás, então, é enviado à caldeira onde se junta ao bagaço da cana (hoje já utilizado para produzir bioeletricidade), incrementando a geração de energia elétrica.

 “O setor sucroenergético brasileiro oferece alternativas de investimento atrativas para a Albioma na produção de biogás e biometano”, afirma Forman. Com a queima do biogás na caldeira, 22GWh serão exportados para o Sistema Interligado Nacional, quantidade suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 30 mil habitantes por ano.

 De acordo com o BEP (Programa de Energia para o Brasil), um programa de cooperação com o governo britânico e executado por um consórcio de organizações, entre elas a FGV, Adam Smith International, Carbon Limiting Technologies, Hubz e Instituto 17, o potencial de biogás no setor sucroenergético brasileiro é de cerca de 10,8 milhões de metros cúbicos por ano. Segundo a Irena (Agência Internacional de Energia Renovável), a capacidade instalada global de geração de energia elétrica com a fonte biogás é de 21.574 MW. Seis países além do Brasil (Alemanha, EUA, Reino Unido, Itália, China e França) respondem por mais de 70% dessa energia (Forbes, 25/9/23)

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