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Desatando os nós nas cadeias produtivas dos biocombustíveis

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Por Ronaldo Knack

“O mundo terá de tomar três grandes decisões: busca de segurança alimentar; renovação (transição energética) e administrar as questões ambientais. Todas passam pelo agronegócio” – Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura

 Nunca e em tempo algum os biocombustíveis conseguiram alcançar o protagonismo global como na semana que passou. Primeiro, foi no encontro do G-20 promovido na Índia, cujo tema principal foi o lançamento da “Aliança Global para os Biocombustíveis” sob liderança de Brasil, Estados Unidos e Índia, os três maiores produtores nesse campo.

 Depois, o lançamento em Brasília do “Programa Combustível do Futuro”, que inclui o envio ao Congresso de um projeto de lei para regulamentar uma série de novas propostas na área de combustíveis. E, para arrematar, o enviado especial para o Clima dos EUA  John Kerry, chega nas próximas horas liderando uma missão do Departamento de Estado para se reunir com 25 empresários brasileiros.

 Curiosamente, mas não inesperadamente para quem acompanha a trajetória dos biocombustíveis, estes eventos tiveram pouco repercussão e quase nenhuma ressonância aqui em nosso país que já foi protagonista e maior produtor mundial dos biocombustíveis.

 Os produtores e empresários agrícolas e da indústria e serviços que formam a cadeia produtiva dos biocombustíveis, permaneceram acanhados e calados, não tomando nenhuma iniciativa pública para comemorar os anúncios. O ministro da Agricultura Carlos Fávaro não apareceu para comemorar as novas iniciativas e, mesmo em Brasília, pouco se falou a respeito.

 Num mundo globalizado, com os meios de comunicação passando por profundas mudanças, com as facilidades, velocidade e instantaneidade das notícias nas redes sociais, deixar de ecoar iniciativas positivas denota incompetência e apatia dos principais atores e representantes dos setores produtivos.

 A falta de organização e, principalmente de união, dos vários elos das cadeias produtivas, já há tempos provoca desconfianças principalmente nos investidores, representantes da academia e formadores de opinião.

 E torna a cadeia produtiva dos biocombustíveis “verde-amarela” extremamente vulnerável. Haja vista o que ocorreu durante o governo Bolsonaro que escancarou as importações de etanol americano sem pagamento de impostos. Antes disto, nos governos Lula e Dilma os biocombustíveis foram alvos da inação de políticas públicas trazendo pesados prejuízos aos produtores.

 E agora, ainda recentemente, o ataque histérico e despropositado das distribuidoras de combustíveis Ipiranga e Vibra (ex-BR) contra o Renovabio. O ataque afronta os interesses dos brasileiros e denota arrogância, despropósito e antinacionalismo. Entrentanto, o silêncio das “pseudo-lideranças” do setor dos biocombustíveis chamou mais uma vez a atenção!

 Fica difícil e incompreensível, o setor do etanol ser representado por um Fórum Nacional Sucroenergético, por uma Única – União da Indústria da Cana-de-Açúcar (que apenas representa os usineiros do Centro-Sul), pela Novabio – Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (representa os usineiros do Nortes e Norte), pela Unem – União Nacional do Etanol de Milho, pela Feplana – Federação dos Plantadores de Cana do Brasil, Ceise – Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis e Udop – União Nacional da Bioenergia.

 Já o setor dos biodiesel é representado pela Aprobio – Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil, Ubrabio – União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene e Abiove – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Todas estas entidades e instituições foram criadas e são mantidas com o objetivo de defender os interesses dos produtores.

 Mas, convenhamos: fica muito difícil, principalmente na esfera governamental, estabelecer-se uma linha de diálogo e discutir propostas com as 6 representações institucionais do setor do etanol e as 3 do biodiesel. Aliás, como já afirmou conhecido ministro de plantão, “é muito fácil negociar com um setor que não consegue sequer se unir para ser representado à altura da sua importância”.

 Mais difícil ainda é o trabalho da imprensa quando se trata de buscar informações sobre os interesses e problemas do setor dos biocombustíveis. Afinal, dos 9 representantes do setor qual deles é a fonte mais confiável e que, de fato e de direito, representa e fala pelo setor?

 E quais deles reúnem as condições de conhecimento e liderança para falar sobre temas sensíveis como a transição energética, novos combustíveis renováveis,  hidrogênio e a economia verde que é vista como a 4ª Revolução Industrial? (Ronaldo Knack é Jornalista e bacharel em Administração de Empresas e Direito; é também fundador e editor do BrasilAgro; ronaldo@brasilagro.com.br)

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