Os preços médios do açúcar cristal branco caíram em julho no mercado spot do estado de São Paulo. O clima durante o mês, considerado pico de safra, foi de pouca chuva, o que favoreceu a colheita de cana-de-açúcar e a produção nas usinas do estado. Nesse cenário, de modo geral, compradores pressionaram os valores da saca do cristal. Até mesmo as retiradas dos contratos previamente negociados com as usinas estiveram atrasadas, segundo algumas indústrias alimentícias consultadas pelo Cepea. Esses agentes indicaram queda no consumo de produtos no varejo. Já a oferta do tipo de melhor qualidade (Icumsa até 150) esteve baixa, devido ao aumento das exportações.
O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou baixa de 4,1% em julho, fechando a R$ 134,16/saca de 50 kg no dia 31. A média mensal foi de R$ 137,00/sc, recuo de 5,51% em relação à de junho/23 (R$ 144,99/sc), mas alta de 6,31% frente a julho/2022 (R$ 128,86/saca de 50 kg), em termos nominais.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica), na primeira quinzena de julho, a moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul cresceu 4,21% frente à do mesmo período do ciclo passado, somando 48,37 milhões de toneladas, contra 46,42 milhões. No acumulado da safra 23/24, a moagem soma 258,25 milhões de toneladas, contra 234,56 milhões de toneladas no mesmo período do ciclo 2022/23 – avanço de 10,10%.
A produção de açúcar na primeira quinzena de julho totalizou 3,24 milhões de toneladas, quantidade 8,86% superior à registrada na safra 2022/23, de 2,98 milhões. Desde 1º de abril, a fabricação de açúcar soma 15,47 milhões de toneladas, contra 12,69 milhões de toneladas no ciclo anterior (+21,88%). Mais de 50% do ATR processado na quinzena foi destinado à fabricação de açúcar.
No Nordeste, os preços do açúcar caíram no mercado spot em julho. Algumas usinas baixaram os valores ofertados, pois a demanda estava retraída. Neste fim de entressafra, alguns compradores adquiriram o produto de Goiás. Segundo o Sindicato da Indústria da Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool–PB), a safra paraibana 2022/23 ultrapassou o recorde de 1980, com uma produção auditada de 7,7 milhões de toneladas de cana.
De acordo com a Datagro Consultoria, a estimativa de moagem de cana em 2023/24 na região Nordeste é de 58 milhões de toneladas, com produção de 3,45 milhões de toneladas de açúcar. Em julho/23, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 152,47/sc de 50 kg, baixas de 6,97% frente a junho/23 e de 1,22% em relação a julho/22, em termos nominais.
Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 155,78/sc, queda de 3,02% na comparação com junho/23, mas alta de 2,49% em um ano, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 152,66/sc, queda de 3,14% em relação a junho, mas alta de 0,39% frente a julho/22.
Já no contexto externo, os preços do açúcar demerara negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) subiram, pois as chuvas abaixo da média na Índia e na Tailândia (segundo e quarto maiores produtores mundiais de açúcar), devido ao El Niño, têm prejudicado as plantações de cana-de-açúcar nesses países.
Segundo a Associação de Usinas de Açúcar das Índias Ocidentais, não há esperança de recuperação para o próximo ciclo, e o tamanho da perda dependerá da quantidade de chuva dos próximos meses. Ainda de acordo com a Associação, no atual ciclo (2022/23), a produção indiana de açúcar deve cair 8% em relação ao anterior, para 32,8 milhões de toneladas.
No entanto, no fim de julho, o bom andamento da safra brasileira, devido ao tempo predominantemente seco nas principais regiões canavieiras do Brasil, limitou o avanço das cotações globais do demerara. Cálculos do Cepea indicam que, em julho/2023, as vendas externas de açúcar remuneraram, em média, 3,89% a mais que as internas.
Esse cálculo considera os valores médios do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Outubro/23 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 86,63/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 65,27/tonelada (Assessoria de Comunicação, 4/8/23)