O secretário Guilherme Piai da Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo se reúne nesta segunda-feira (8) com representantes dos produtores de cana para receber as sugestões de pauta dos fornecedores das usinas no âmbito da Orplana – Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil.
Na sequência, se reunirá com dirigentes da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, que representa as usinas paulistas, com o objetivo de mediação dos interesses de ambas as partes que formam o Consecana – Conselho dos Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao BrasilAgro, na manhã deste domingo (7) em Ribeirão Preto, onde participou de evento em comemoração ao 7 de Setembro, o secretário Guilherme Piai revelou ter sido procurado por produtores de cana-de-açúcar sugerindo a sua mediação para que a reunião convocada pelo Consecana nesta próxima 5ª feira restabeleça a harmonia e a segurança no setor sucroenergético.
“A cana-de-açúcar ocupa uma posição de liderança incontestável no agronegócio paulista, sendo responsável por uma parcela significativa da produção agrícola e econômica do Estado, além de impulsionar a maior parte da produção nacional de açúcar e etanol e ocupando 5,5 milhões de hectares. O setor é estratégico não apenas para o Estado de São Paulo mas também para o Brasil”, afirmou Piai.
Há usineiros que cumprem e os que deixam de cumprir o Consecana
As principais reivindicações dos fornecedores de cana, segundo fontes da Orplana, são estas:
1- Aplicação linear do índice da FGV no preço, exclusivo para fornecedor, os parceiros proprietários não fazem parte do acordo;
2- Retroagir a safra 24/25 conforme pactuado e assinado em Ata;
3- Rever o Estatuto e o modernizar através de profissionais contratados;
4- Assinar o acordo;
5- Implementar nova governança
6- Escolha de Entidade para definição dos cálculos.
Prevenção a incêndios florestais e propriedades rurais
Ainda em Ribeirão Preto, Guilherme Piai que também preside o Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI),grupo formado pelos 27 secretários estaduais de Agricultura e que atua como fórum de cooperação e alinhamento de políticas públicas para o setor agropecuário, comentou que nesta semana se reunirá com a secretária Natália Resende, do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo para discutir um protocolo de implementação de prevenção, preparação e combate a incêndios florestais e propriedades rurais.
Como se recorda, em agosto do ano passado, o Estado de São Paulo foi vítima de incêndios criminosos que atingiram duramente propriedades rurais e cujos resultados continuam prejudicando a economia paulista com prejuízos vultuosos aos agricultores. “Foram os mais prejudicados e, pior, foram vítimas de narrativas mentirosas e ataques desmedidos desferidos pelo governo federal, através da ministra Marina Silva e mesmo de uma pesquisadora do Inpe (Vide reportagem abaixo)”, afirmou o secretário
Ele criticou a inação do governo federal em relação às questões ambientais dos agricultores: “Só vemos narrativas e falácias, nenhum recurso público é investido. Nos próximos dias estaremos entregando 30 caminhões-pipas a prefeituras pois nossa maior preocupação é em relação aos pequenos produtores rurais”. Ele também elogiou as atividades das usinas e dos fornecedores de cana em atuarem contra as queimadas (Da Redação, 8/9/25)
‘Nefasta e criminosa’, diz Secretário de Agricultura de SP sobre fala de pesquisadora do Inpe

Guilherme Piai- Redes Sociais – Reprodução
A coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Luciana Gatti, concedeu entrevista à Globonews no último domingo (15/8/24) e responsabilizou produtores rurais pelos incêndios que afetam grande parte do país.
“É uma ação coordenada para desgastá-lo [o presidente Lula]. […] pessoal taca fogo na cana para colher, então, para eles, não é prejuízo. Eles fazem isso para ficar mais barata a colheita, para não fazer a colheita mecanizada”, disse ela, na ocasião.
Desafio à pesquisadora
A declaração da profissional motivou notas de repúdio de entidades ligadas ao agronegócio e indignação do secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Guilherme Piai. Em suas redes sociais, ele gravou um vídeo dizendo que a pesquisadora faz militância partidária e que suas declarações foram “nefastas e criminosas”.
De acordo com Piai, a servidora do Inpe manifesta publicamente a tentativa de “criminalizar um setor que é a mola propulsora de nossa economia”.
O secretário ressaltou que o estado de São Paulo conta, há mais de dez anos, com o Protocolo Etanol +Verde, que proíbe as queimadas para a colheita da cana.
“Convido você, Luciana Gatti, a visitar os homens e as mulheres do campo que perderam praticamente tudo e que estão vivendo um momento de extrema dificuldade a falar isso na cara deles, que foi encenação. Que vergonha a sua declaração. Nós esperamos já uma retratação do governo federal”.
Nota de repúdio
A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) divulgou nota também repudiando veemente a declaração feita por Luciana.
“As informações apresentadas por ela são falsas e infundadas. Demonstram, inclusive, profundo desconhecimento sobre o tema”, diz o texto.
A Orplana reitera que toda a cadeia de produção da cana-de-açúcar está “firmemente comprometida com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Este compromisso é evidenciado pelo rigoroso cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde, que inclui a proibição do uso de fogo na colheita de cana no estado de São Paulo desde 2017”.
“É também de imensa irresponsabilidade, da parte da coordenadora do Inpe, acusar a cadeia produtiva da cana-de-açúcar de se beneficiar em um contexto tão crítico e caótico. Uma injúria que contribui para a desinformação em um momento delicado e cujo foco deveria ser a resolução deste grave problema”, continua a nota.
Segundo a entidade, as queimadas prejudicam o meio ambiente, a segurança das pessoas e também a rentabilidade dos produtores rurais. “Toda a cadeia de produção da cana-de-açúcar está mobilizada contra os incêndios e comprometida com a preservação do meio ambiente”, afirma o CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira.
A organização representa, atualmente, 35 associações de fornecedores de cana e mais de 12 mil produtores de cana-de-açúcar (Blog Shop do Agro, agosto/24)