Por Roberto Rodrigues
É fundamental buscar uma agenda unificada, em que as diferentes cadeias produtivas estejam representadas.
A menos de seis meses da COP-30 que se realizará em Belém em novembro, todos os setores ligados direta ou indiretamente ao tema do evento – as mudanças climáticas – se preparam para levar suas propostas e contribuições, inclusive a agropecuária.
O presidente da COP, Embaixador André Correa do Lago, tem deixado claro que seu grande objetivo é implementar os temas aprovados pelos governos presentes ao longo do ano subsequente, até que se realize a COP-31, quando termina seu mandato.
Devemos aproveitá-la para mostrar ao mundo quão eficiente e sustentável tem sido a agropecuária brasileira nas últimas décadas, mercê principalmente da moderna tecnologia tropical aqui desenvolvida por nossos organismos de pesquisa e extensão rural e ao empreendedorismo dos produtores rurais brasileiros que a aplicaram com destemor.
É fundamental buscar uma agenda unificada, em que as diferentes cadeias produtivas estejam representadas. Não seria produtivo se cada uma levasse suas sugestões separadas. Seriam muitas, e eventualmente poderia até acontecer alguma contradição entre elas.
Trabalha-se nessa direção. A ideia é preparar um documento abrangente contando a história da agropecuária brasileira nos últimos 50 anos, com números expressivos, enfatizando o papel da ciência como grande promotora dos avanços experimentados pela atividade em termos de quantidade, qualidade, sustentabilidade, ganhos econômicos, sociais e ambientais, incluindo a exportação de alimentos, energia e fibras para duas centenas de países.
E numa segunda parte, o documento mostrará o interesse setorial de continuar evoluindo sustentavelmente, e principalmente, de reproduzir tais processos e conquistas em todo o cinturão tropical do planeta, incorporando a América Latina, a África Subsaariana e parte da Ásia, onde condições edafoclimáticas se assemelhem às nossas.
Em outras palavras, mostrar que o sucesso brasileiro pode inspirar e alavancar o desenvolvimento sustentável de todo o mundo tropical, reforçando a sua segurança alimentar e energética.
Para isso, se juntou uma equipe de técnicos das diferentes instituições do agro, muito experientes e que já participaram de outras COPs. Também foi criado um Fórum Brasileiro da Agricultura Tropical, que integra think tanks que atuam próximos das cadeias produtivas ao qual serão incorporados temas de segmentos antes e depois da porteira e assim completar a proposta que o Brasil apresentará para efetivamente contribuir com a segurança alimentar e energética global a partir do mundo tropical (Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, professor emérito da Fundação Getúlio Vargas e Enviado Especial para Agricultura na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30; Estadão, 8/6/25