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Raízen suspende operações da Usina Santa Elisa, em Sertãozinho

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Empresa celebrou vendas de 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, no valor de R$ 1,045 bilhão.

A Raízen anunciou, nesta terça-feira (15), a suspensão das operações da usina de cana-de-açúcar Santa Elisa, em Sertãozinho (SP), por tempo indeterminado. Em comunicado ao mercado, a empresa informou que a decisão faz parte da “estratégia de reciclagem do portfólio de ativos para captura de eficiência agroindustrial”.

No documento, a Raízen afirma que, devido à suspensão, celebrou contratos de venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar com outras usinas da região, no valor aproximado de até R$ 1,045 bilhão. O recurso, diz nota, será destinado à redução do endividamento – o valor total das dívidas não foi divulgado.

A empresa ressalta que a suspensão das operações está sujeita à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“A Companhia manterá o mercado oportunamente informado sobre eventuais desdobramentos relevantes do tema”, conclui.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram trabalhadores surpresos com a decisão e a presença de equipes da Polícia Militar na entrada da usina.

O g1 e a EPTV, afiliada da TV Globo, questionaram a Raízen sobre o número de profissionais que trabalham no local e se eles serão realocados para outras unidades, mas a assessoria disse que não divulgará no momento.

Já o sindicato da categoria informou que ainda está fazendo um levantamento de quantos funcionários serão afetados pela medida, mas estimou que pelo menos 2 mil pessoas podem ser impactadas. O sindicato também destacou que está reunido com os responsáveis pela usina para definir possíveis benefícios aos trabalhadores.

A Prefeitura de Sertãozinho, por sua vez, afirmou que 1,2 mil funcionários atuam na usina.

A Usina Santa Elisa foi fundada em 1936 e é considerada uma das grandes usinas brasileiras. Ela atuou no plantio, colheita e processamento da cana-de-açúcar para produção de açúcar, etanol e energia.

A usina possui capacidade de moagem de cerca de 6,1 milhões de toneladas e opera 36,4 mil hectares de lavoura de cana (G1, 15/7/25)

COMUNICADO AO MERCADO

RAÍZEN S.A.

Companhia Aberta CNPJ/MF 33.453.598/0001-23 NIRE 33.300.298.673

Evolução do Processo de Reciclagem de Portfólio – Usina Santa Elisa A Raízen S.A. (B3: RAIZ4) (“Raízen” ou “Companhia”), em conjunto com sua controlada Raízen Energia S.A. (“Raízen Energia”), comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que, dando sequência a sua estratégia de reciclagem do portfólio de ativos para captura de eficiência agroindustrial, decidiu descontinuar as operações da Usina Santa Elisa por tempo indeterminado.

Em decorrência dessa decisão, a Raízen Energia informa que celebrou contratos de venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, incluindo cana própria e a cessão de contratos com fornecedores, pelo montante aproximado de até R$ 1.045.000.000,00 (um bilhão e quarenta e cinco milhões de Reais) (“Operação”), sujeito a eventuais ajustes usuais para negócios desta natureza, com recebimento à vista no fechamento da Operação.

Os recursos obtidos serão destinados à redução do endividamento. O múltiplo implícito da Operação corresponde a aproximadamente USD 53/tonelada de cana, não incluindo o ativo industrial. A Operação foi formalizada tendo como partes adquirentes Usina Alta Mogiana S.A. – Açúcar e Álcool, Usina Bazan S.A., Usina Batatais S.A. – Açúcar e Álcool, São Martinho S.A., Pitangueiras Açúcar e Álcool Ltda. e Viralcool – Açúcar e Álcool Ltda.

A conclusão da Operação está sujeita à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), bem como ao cumprimento das demais condições precedentes estabelecidas nos contratos. A Companhia manterá o mercado oportunamente informado sobre eventuais desdobramentos relevantes do tema.

São Paulo, 15 de julho de 2025

Rafael Bergman CFO e Diretor de Relações com Investidores


São Martinho compra canaviais da Raízen por mais de R$ 200 milhões 

A São Martinho comunicou na manhã desta terça-feira (15/7) a aquisição de parte dos ativos biológicos e direitos vinculados à Usina Santa Elisa, atualmente operada pela Raízen Energia. O valor total da transação pode atingir até R$ 242 milhões, sujeito a ajustes até o fechamento do negócio.

A transação envolve cerca de 10.600 hectares de cana-de-açúcar que passarão a integrar a operação da São Martinho, em um raio médio de 25 quilômetros da Unidade São Martinho, localizada em Pradópolis (SP).

Segundo o fato relevante divulgado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os ativos adquiridos compreendem aproximadamente 80% de cana própria e 20% de terceiros. A estimativa é que a produção alcance 600 mil toneladas de cana na safra 2026/27 e chegue a 800 mil toneladas a partir da safra 2028/29, considerando as características de solo e clima predominantes nas áreas envolvidas.

Para viabilizar a operação, a Raízen irá integralizar os contratos relacionados às áreas de cultivo em uma nova sociedade (Newco), que será posteriormente transferida à São Martinho. A cana-de-açúcar proveniente desses ativos será processada na própria Unidade São Martinho, que tem capacidade instalada para moer até 50 mil toneladas por dia.

Segundo o comunicado, não serão necessários investimentos adicionais em infraestrutura industrial ou agrícola, além dos custos operacionais regulares.

A efetivação da transação depende ainda da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e do cumprimento de condições contratuais específicas previstas no acordo firmado entre as partes.

Movimentação

A operação de venda da Usina Santa Elisa faz parte de uma movimentação mais ampla da Raízen, que anunciou a decisão de descontinuar por tempo indeterminado as operações da unidade.

A decisão está alinhada à estratégia da companhia de reciclagem do portfólio de ativos para captura de eficiência agroindustrial, segundo o diretor financeiro da companhia, Rafael Bergman.

Como parte desse processo, a Raízen Energia celebrou contratos de venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, incluindo cana própria e a cessão de contratos com fornecedores, pelo montante aproximado de R$ 1,04 bilhão. Entre os compradores estão Usina Alta Mogiana S.A., Usina Bazan S.A., Usina Batatais S.A., São Martinho S.A., Pitangueiras Açúcar e Álcool Ltda. e Viralcool – Açúcar e Álcool Ltda.

O pagamento será realizado à vista no fechamento da operação, sujeita a ajustes usuais para negócios dessa natureza.

Os recursos obtidos com a venda serão destinados à redução do endividamento da companhia. O múltiplo implícito da operação corresponde a cerca de US$ 53 por tonelada de cana, não considerando o ativo industrial da usina.

Em nota, o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br) lamentou a decisão da Raízen, de fechar a Usina Santa Elisa, em Ribeirão Preto (SP) (Globo Rural, 15/7/25)

Nota de Posicionamento de Maurilio Biagi Filho

Foto Reprodução Grupo Mídia

Recebi com tristeza a notícia da descontinuidade das operações da Usina Santa Elisa, em Sertãozinho, por tempo indeterminado.

Essa usina faz parte da minha história pessoal e da história da nossa região. Foi adquirida por minha família, em 1936, e desde então se tornou um verdadeiro símbolo do desenvolvimento industrial de Sertãozinho. Lá, vivi grandes momentos da minha vida: iniciei minha trajetória profissional atrás do balcão do armazém, passei por todos os setores, da indústria à presidência, e pude liderar sua transformação em uma das maiores empresas do setor sucroenergético no mundo, tanto em inovação quanto em produção.

Em 1998, alcançamos um marco histórico: a Santa Elisa se tornou a usina com maior volume de moagem do mundo à época, com mais de 7 milhões de toneladas. Antes disso, protagonizamos a primeira grande fusão do setor, com a Usina São Geraldo, sempre buscando caminhos de crescimento e sustentabilidade econômica e social.

Mas, acima de tudo, nenhuma conquista teria sido possível sem as pessoas extraordinárias que caminharam ao meu lado. A Santa Elisa foi uma escola de formação profissional e humana para milhares de colaboradores, muitos dos quais ajudaram a construir não só essa empresa, mas outras que nasceram a partir dela.

Há 25 anos deixei de participar da sua gestão e há 20 da sociedade, com o sentimento de missão cumprida. Vivi lá desde o meu nascimento, dediquei grande parte da minha vida a essa companhia e me orgulho do legado que deixamos. Torço para que os impactos dessa decisão sejam os menores possíveis, especialmente para os trabalhadores, fornecedores e para toda a comunidade local.

Mais do que um empreendimento, a Usina Santa Elisa representa um patrimônio imaterial valioso — de memória, de pertencimento, de vínculos afetivos e sociais. A história que ela ajudou a escrever em Sertãozinho é indelével.

Neste momento de pausa, escolho olhar para o futuro com esperança. Acredito na força de reinvenção da nossa região e confio que, com diálogo, sensibilidade e responsabilidade, será possível encontrar novos caminhos e equalizar essa situação. Tenho a convicção que os atuais proprietários tomaram a decisão certa para o momento, com todo o cuidado e respeito pelas partes envolvidas. Aliás, aproveito para destacar que sempre agiram para comigo com muita fidalguia, com total consideração a mim e a todo esse legado.

Fiquei surpreso pelo tanto de mensagens e telefonemas carinhosos que recebi desde cedo de amigos de todas as fases da minha vida e da imprensa. Cada um com uma lembrança, com uma história para ser compartilhada e me pedindo para compartilhar a minha. Por esse motivo decidi me manifestar através deste texto.

A Santa Elisa pode ter encerrado temporariamente suas atividades, mas o que ela construiu jamais será apagado. E é com esse espírito que seguimos em frente, com coragem, resiliência e  fé nos novos tempos.

Maurilio Biagi Filho

Empresário (Redes Sociais, 15/7/25)

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