O Grupo Colorado, dono de duas usinas no Centro-Sul, fez uma oferta pela Usina Continental, da Raízen, disseram ao Valor duas fontes a par do assunto, que preferiram não ser identificadas. Procurada, a Raízen não comentou. A reportagem tentou contato com a Colorado, mas não obteve retorno até o fechamento.
A Continental está localizada em Colômbia, extremo norte de São Paulo, próxima ao Triângulo Mineiro, e tem capacidade de processar mais de 2,5 milhões de toneladas de cana por safra.
Para as duas fontes, esse é o negócio mais próximo de ser fechado dentre as usinas que a Raízen tem em negociação. Ainda segundo uma das fontes, a companhia, controlada por Cosan e Shell, também iniciou conversas para vender suas usinas em Jataí (GO), Lagoa da Prata (MG) e Igarapava (SP). Uma outra pessoa a par das conversas disse que a usina de Jataí chegou a receber proposta da Atvos, que não foi aceita. Procurada, a Atvos não comentou.
A Continental está à venda ao menos desde junho, como antecipou o Valor. À época, a Raízen ainda negociava a venda de ativos das usinas Santa Elisa, em Sertãozinho (SP), em Rio Brilhante e em Passatempo, em municípios homônimos em Mato Grosso do Sul, que acabaram sendo vendidos.
Caso se confirme, a venda da Continental será a quarta unidade que a Raízen comprou da Biosev em 2021 e que será vendida no atual plano de alienação de ativos. No caso da Usina Santa Elisa, a venda envolveu apenas os canaviais a um grupo de seis empresas do setor, enquanto a indústria foi hibernada. Já as usinas de Mato Grosso do Sul foram vendidas à Cocal.
Com a venda desses três ativos, a Raízen já levantou R$ 1,345 bilhão. Na operação de venda dos canaviais da Usina Santa Elisa, a capacidade de produção de cana foi vendida por um múltiplo de US$ 46 a tonelada da matéria-prima. Já na venda das usinas sul-matogrossenses à Cocal — que incluiu ativo industrial e lavouras —, o múltiplo ficou em US$ 40 a tonelada.
A venda de usinas vem se mostrando uma forma mais imediata de a Raízen fazer caixa e reduzir suas dívidas enquanto ainda não há um desfecho para sua reorganização societária. Por causa da pressão de seu alto endividamento, as ações da Raízen vêm em forte queda, e ontem fecharam no menor patamar da história, a R$ 1,01. A Cosan já admitiu que se dispõe a ser diluída na empresa.
A empresa de Rubens Ometto chegou a conversar com a Shell para um possível aumento de capital na Raízen por parte da petrolífera, mas não houve avanços. Para uma fonte que conhece a companhia anglo-britânica de perto, a redução do interesse das grandes petrolíferas por energias limpas nos últimos meses diminui as chances de que faça uma capitalização na Raízen.
Em seu último balanço, a Raízen divulgou que os dois sócios também buscavam uma alternativa junto a um terceiro investidor. A Bloomberg informou que havia conversas com as japonesas Mitsui e Mitsubishi, e o Pipeline, site de negócios do Valor, informou que também há interesse do BTG Pactual e da Itaúsa (Globo Rural, 3/1025)









