Por Arnaldo Luiz Corrêa
O mercado futuro de açúcar em Nova York encerrou a semana em alta moderada, com o contrato para vencimento em outubro/25 cotado a 16.44 centavos de dólar por libra-peso, avanço de 19 pontos, o que representa pouco mais de quatro dólares por tonelada. Os contratos futuros com vencimentos entre março/26 e março/27 também fecharam em território positivo, variando entre 4 e 20 pontos, equivalentes a um a quatro dólares e meio por tonelada.
Apesar desse movimento, a percepção geral permanece de safra fraca. Quem percorre o interior de São Paulo observa que a situação dos canaviais é, em muitos casos, pior do que os números oficiais indicam, o que tem levado diversas consultorias a revisarem suas estimativas para baixo. Nós, no entanto, seguimos trabalhando com a projeção de 581 milhões de toneladas de cana, embora os preços não estejam reagindo na mesma proporção, refletindo uma dinâmica de mercado ainda pressionada.
O que leva o mercado a não reagir a esses fundamentos pode ser explicado por alguns fatores. Um trader me disse que “a disparidade de projeções pode refletir muitas vezes a região em que a pesquisa de safra teve maior peso e acaba tomando-se o todo pela parte”.
O Brasil continua suprindo o mundo com muito açúcar: 34 milhões de toneladas no acumulado dos últimos doze meses e 10.7 milhões de toneladas nos primeiros quatro meses desta safra. O comprador lá fora não está preocupado com falta de açúcar. Ainda mais que o Centro-Sul (na cabeça dele) vai produzir 40.3 milhões de toneladas (pela média de 20 consultorias) e, portanto, não precisa ter pressa para comprar ou repor estoque.
Um fator que ajuda a explicar esse comportamento desconfiado é que, mesmo com a recompra de mais de 35 mil lotes pelos fundos na semana passada, o mercado subiu apenas 85 pontos. Isso aconteceu, segundo um experiente traders, “porque muitas usinas que haviam rolado suas fixações de julho para outubro aproveitaram a oportunidade para zerar posições que vinham carregando desde julho, o que limitou a reação positiva”.
O comportamento dos fundos, aliás, continua errático: compram em uma semana, vendem na outra e voltam a recomprar logo em seguida. Segundo os números divulgados pela CFTC (Commodity Futures Trading Commission) referentes ao período de 12 a 19 de agosto, os fundos aumentaram em 15.630 lotes sua posição líquida vendida, que agora alcança 130.987 lotes.
No lado fundamental, o ponto central das discussões segue sendo a ATR e o mix entre açúcar e etanol. Há quem estime que apenas em março/26 sejam moídas de 12 a 14 milhões de toneladas de cana, com boa parte destinada ao etanol, diante da expectativa de preços mais atrativos do combustível na entressafra. Mesmo assim, o mercado ainda trabalha com números que consideramos otimistas: moagem total de 595 milhões de toneladas de cana, ATR final de 134,50 kg/t e mix de 51,3% para açúcar, o que resultaria em uma produção de 39 milhões de toneladas. Setembro poderá trazer a realidade dos fundamentos.
No campo das fixações, os dados de julho mostram que as usinas fixaram o equivalente a 1,3 milhão de toneladas de açúcar da safra 2026/27, a um preço médio de 16,68 centavos de dólar por libra-peso, correspondendo a R$ 2.294,21 por tonelada FOB Santos. No acumulado da safra, já foram fixadas 9,77 milhões de toneladas a um preço médio de 17,15 centavos de dólar por libra-peso, o equivalente a R$ 2.497,34 por tonelada FOB Santos, com prêmio de polarização. Até o final de julho, esse volume representava 27,13% da estimativa de exportação da safra 2026/27.
Nosso colaborador Marcelo Moreira: O vencimento outubro 25 encerrou a semana praticamente inalterado a 16.44 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior/mínima/máxima/nova mínima/fechamento atual respectivamente 16.44/16.20/16.69/16.34/16.48 centavos de dólar por libra-peso). O “divisor de águas” continua sendo a média móvel dos 50 dias. Encerrou a 16.40 centavos de dólar por libra-peso. No curto prazo próximas resistências estão apenas a 16.53, 16.94, 17.08 e 17.76 centavos de dólar por libra-peso.
Atenção pois os fundos especuladores poderão iniciar a “rotação de posição” saindo do mercado de café (subiu +35% em 10 dias) e empurrando o açúcar para novas altas – ajudado pela valorização do R$ após o presidente do Fed sinalizar início na redução na taxa de juros dos EUA já na próxima reunião do Fed em setembro.
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