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Tarifaço abaixo do esperado não deve alimentar ilusões

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Editorial Folha

• Brasil sofre a maior carga da guerra comercial de Trump; a longo prazo, será preciso abrir a economia

• Mesmo com exceções de vários setores, estima-se que a tarifa média que os produtos brasileiros pagarão ficaria em torno de 30%

O anúncio enfim formalizado das agressões do governo de Donald Trump a instituições e à economia do Brasil contou com a surpresa de uma lista de isenções de impostos extras de importação consideravelmente maior do que a esperada.

O alívio no tarifaço, todavia, não deve alimentar ilusões. A natureza do ataque dos EUA, em grande parte política, a escolha do Brasil como alvo maior de tributos punitivos e a perspectiva de novas sanções comerciais, entre outras, devem manter o país em alerta máximo e orientar providências diplomáticas, comerciais e econômicas imediatas e em prazos mais longos.

Políticas brasileiras vão ter de mudar, agora de modo forçado.

O país foi vítima peculiar da guerra comercial de Trump. O candidato a autocrata quer intervir no funcionamento do Judiciário e na separação de Poderes. Acusou as instituições políticas brasileiras de ameaçar eleições livres e a liberdade de expressão, aqui e nos Estados Unidos. Tais acusações e ameaças, além de inaceitáveis, carecem de fundamento objetivo e racional, o que cria um terreno pantanoso de incerteza e risco. Qualquer pretexto pode motivar novas investidas.

Além de diferente em natureza, a tributação extra dos produtos brasileiros é, até agora, a maior do mundo. Cálculos preliminares indicam que em torno de 40% do valor de nossas vendas para os EUA teriam escapado dos 40 pontos adicionais de imposto alardeados por Trump. Ainda assim, estima-se que a tarifa média que as mercadorias nacionais pagarão ficaria em torno de 30%

As projeções para a média do mundo estão em torno de 16% ou 17%. É uma discriminação agressiva em meio à agressão geral.

A imprevisibilidade e o irracionalismo de Trump podem elevar os riscos. Os objetivos do presidente americano mudam tanto quanto seus caprichos, seus interesses pessoais e políticos de curtíssimo prazo e as conjunturas do cenário global.

Por exemplo, ameaça ataque comercial ainda maior contra o Canadá por causa da questão palestina. Acaba de dizer que vai impor à Índia tarifas mais altas do que as da média mundial por causa do relacionamento daquele país com a Rússia.

Dados novos humores em relação à Guerra da Ucrânia, Trump ameaça nova rodada de sanções contra o país de seu até ontem amigo Vladimir Putin. Nações que negociam com os russos seriam punidas, não se sabe se por meio de restrições comerciais ou também financeiras. De imediato, trata-se de risco grave para as importações brasileiras de fertilizantes, quiçá para investimentos.

As relações comerciais do Brasil precisavam mudar mesmo antes de Trump. Em décadas de expansão e da liberalização do comércio mundial, o país pouco se moveu e pouco se integrou a cadeias de intercâmbio que propiciassem aumento de produtividade doméstico. Agora, terá de fazê-lo tanto com prudência quanto com senso de urgência (Folha, 1/8/25)

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