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Preço do petróleo dispara após ataques dos EUA ao Irã

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Os preços do petróleo dispararam neste domingo (22) para o nível mais alto em cinco meses após os Estados Unidos bombardearem instalações nucleares do Irã, aumentando a probabilidade de que Teerã responda atacando infraestruturas energéticas na região ou embarcações no estreito de Hormuz.

O Brent, referência internacional do petróleo, disparou 5,7% para US$ 81,40 por barril, maior valor em cinco meses, quando o mercado abriu na manhã de segunda-feira (23) na Ásia (noite de domingo, 22, no Brasil), antes de moderar para US$ 78,79, uma alta de 2,3%. O marcador americano West Texas Intermediate subiu em margem semelhante para US$ 75,47.

O quanto o petróleo subirá nesta semana dependerá de como o país ou grupos ligados a ele, como os Houthis, escolherão retaliar os ataques, disseram analistas.

“Uma clara linha vermelha foi cruzada”, disse Jorge León, chefe de análise geopolítica da consultoria de energia Rystad, observando que os bombardeios do fim de semana marcaram a primeira vez que os EUA atacaram diretamente o território iraniano.

“Em um cenário extremo onde o Irã responde com ataques diretos ou visa infraestruturas petrolíferas regionais, os preços do petróleo dispararão drasticamente”, disse. “Mesmo na ausência de retaliação imediata, os mercados provavelmente precificarão um prêmio de risco geopolítico mais alto”.

Os preços do petróleo já subiram cerca de 14% desde que Israel lançou seu primeiro ataque surpresa ao Irã há 10 dias. A alta nos preços do petróleo provavelmente se estenderá para outros mercados de energia, como a gasolina, o que poderia provocar uma nova onda de inflação em todo o mundo.

A entrada dos EUA na guerra, no entanto, lançou “uma nova camada de volatilidade nos mercados de energia”, deixando os operadores aguardando “o próximo movimento de Teerã”, disse León.

O presidente dos EUA, Donald Trump, advertiu o Irã sobre novos ataques se Teerã não “fizer as pazes”, mas a república islâmica já havia prometido anteriormente retaliar caso os EUA se envolvessem.

Defensores do regime iraniano já pediam retaliação neste domingo, com o influente editor do jornal Kayhan exigindo que o país ataque a frota naval dos EUA no Golfo e impeça navios ocidentais de passar pelo estreito de Hormuz.

Cerca de 30% do fornecimento mundial de petróleo transportado por mar passa diariamente por essa estreita via navegável que separa o Irã dos estados do Golfo, e quaisquer ataques a embarcações no estreito fariam os preços de energia dispararem imediatamente, disseram analistas.

O Irã já ameaçou fechar o estreito, embora analistas acreditem que o país teria dificuldades para bloquear completamente a via navegável devido à presença da Quinta Frota da Marinha dos EUA no Bahrein.

“Autoridades de segurança afirmam que seria difícil para o Irã fechar completamente o estreito de Hormuz por um período prolongado”, disse Helima Croft, ex-analista da CIA que agora trabalha na RBC Capital Markets. “Dito isso, vários especialistas em segurança sustentam que o Irã tem capacidade para atacar navios petroleiros específicos e portos-chave com mísseis e minas”, afirmou.

O Irã também usa a via navegável para transportar seu petróleo para a China e outros importadores.

Uma resposta alternativa poderia ser o Irã atacar campos petrolíferos e infraestrutura em aliados dos EUA na região, como Arábia Saudita e Qatar. Ansiosos para não serem arrastados para o conflito, os países do Golfo têm repetidamente pedido o fim das hostilidades e o retorno ao diálogo.

Em um comunicado na manhã deste domingo, o ministério das Relações Exteriores de Doha alertou que a “tensão perigosa” na região poderia ter “repercussões catastróficas”. A Arábia Saudita disse que estava acompanhando os desenvolvimentos no Irã com “grande preocupação”.

Analistas da S&P Global Commodity Insights afirmaram que a alta nos preços do petróleo poderia diminuir até a manhã de segunda-feira se não houvesse uma resposta iraniana imediata.

“A questão-chave é o que vem a seguir”, disseram James Bambino e Richard Joswick da S&P. “O Irã atacará interesses americanos diretamente ou através de milícias aliadas? As exportações de petróleo iraniano serão suspensas? O Irã atacará navios no estreito de Hormuz?”.

Mesmo se as exportações de petróleo iraniano forem interrompidas, o aumento da produção do cartel Opep+ e os atuais estoques globais significam que o mercado de petróleo permanecerá suficientemente abastecido, desde que o estreito de Hormuz permaneça aberto, acrescentaram.

O Irã exporta cerca de 2 milhões de barris de petróleo por dia, enquanto aproximadamente 21 milhões de barris do Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos passam diariamente pelo estreito de Hormuz.

Os analistas afirmaram que quanto mais tempo as tensões geopolíticas no Oriente Médio permanecerem elevadas, maior será o risco de um período prolongado de altos preços do petróleo, o que aumentaria a inflação e prejudicaria o crescimento econômico global.

“O governo Trump provavelmente encontrará dificuldades para equilibrar a paralisação das ambições nucleares do Irã enquanto evita um aumento prolongado nos preços do petróleo bruto, por sua vez, elevando a inflação e enfraquecendo a economia dos EUA”, disse Michael Alfaro, diretor de investimentos da Gallo Partners, um fundo de hedge focado em energia e indústrias (Financial Times, 23/6/25)

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